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Os Tomates Podres

A mãe mandara-a comprar 2 kg de tomates ao Supermarkt. A encomenda não era do seu agrado mas, contrariada, pôs-se a caminho.
Chegou, fez festinhas a um cão que esperava pelo dono no "parque para cães", entrou e deparou-se com uma fila na secção de frutas e legumes.
"Ja, bitte?", "Vielen Dank!"...era o que ia ouvindo.
A Moça, magicando, esperava a sua vez sendo acometida por uma certeza: "Queres ver que quando chegar a minha vez me vão dar os tomates podres?!". Era hábito separar as frutas ou legumes "tocados" consoante o atendimento ao cliente.
Com esta convicção, o seu interior ia fumegando e a revolta incendiou-lhe as entranhas.
Chegara a sua vez.
Fez o pedido e o empregado, mirando-a de alto a baixo, virou-se para os tomates já separados e pesou os quilos solicitados. A Moça aguardava, com dificuldade, mas aguardava, e, quando lhe foi estendida a encomenda, não lhe pegou. Repetiu o pedido acaloradamente: "Quero 2 kg de tomate. Dos mesmos que tem vindo a vender aos outros clientes!"
Por trás começa a ouvir-se o burburinho da impaciência. Então a fila não anda?
A história estava delineada. Era um escândalo! Como se atrevia esta jovem Ausländerin a questionar a qualidade do serviço?
Os ânimos exaltam-se mas a Moça, firme, não aceita os tomates podres. "Chamem o gerente!"...
A questão acaba por se resolver: o gerente, pedindo desculpas, obrigou à venda legítima do produto.
Satisfeita com a vitória, mas igualmente furiosa por ter sido tratada de forma diferente, conta o episódio em casa.
"Para que andaste tu com tantas coisas? Os tomates são bons na mesma. Amanhã não se vai falar de outra cousa. Ai, rapariga, rapariga!".

Ainda hoje recorda o acontecimento, certa de que tomou a atitude correcta. Uma coisa é certa: nunca mais lhe tentaram vender tomates podres!
Foi uma lição de vida - independentemente da situação, luta pelo que achas justo, nunca aceites "tomates podres" em troca seja do que for.


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