Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2022

É a loucura! Já estão todos em plena confraternização!!!

Partilho convosco um momento único de cumplicidade entre mim, as panelas e os respetivos ingredientes que são as personagens desta receita. Embora não goste muito de cozinhar nem de comer (e cada vez menos…), há alturas que justificam uns minutinhos na cozinha. São razões de ordem afetiva e que têm quase sempre a ver com os meus entes queridos e com a vontade de lhes proporcionar momentos de fofura e conversa doce. Ora aqui vai todo o processo… (se tiverem paciência para ler esta estranha receita de bolo de maçã com canela… ) Portanto, e em primeiro lugar, há que ver se têm em casa uns ovitos (4), a tradicional farinha (100 gramas), o açúcar (pouco, para mim, 80 gramas, mas para os mais gulosos, 150 gramas), 1 copito de leite, 1 colher de sopa de manteiga, uns pozinhos mágicos de essência de baunilha e mais 1 colherinha do famoso fermento, 1 limão, umas 4 maçãs e, claro, muuuuuita canela! Com todo este arsenal à vossa frente, o mais natural é desistirem imediatamente, mas tenham calma,

Conheço bem este retrato

Conheço bem este retrato colocado ao centro do móvel conheço bem quem lá está sei quem fotografou e em que dia sei que o sorriso não foi só para a fotografia conheço bem cada degrau da escada que me subo conheço bem a que porta devo bater

escapar ao seu círculo em vertigem

Já há muitos anos visitei uma exposição no Museu de Serralves e, a certa altura, bem no centro da sala de exposições um quadro gigante com meia dúzia de traços atirados para uma tela branca. A minha ignorante visão deu para questionar o porquê de uma obra, aparentemente tão insignificante, figurar ali como o centro do evento.  O guia, de forma assertiva, explicou algo que não compreendi efetivamente. Ali estava o trabalho de alguém experiente que usava a técnica da garatuja descontrolada. Traços que um desprendimento infantil consegue alcançar, mas que a mão de um artista experiente se vê em trabalhos extenuantes para os conseguir registar. Conseguir tais traços tão libertos de expetativas e desejos é admitir que parou o movimento, que se conseguiu escapar ao seu círculo em vertigem. O resultado parece ser um trabalho simples, no entanto, encerra todo um processo dos mais difíceis de toda uma vida. Agora que se aprendeu é preciso desaprender. É preciso pararmos em nós próprios, estarmo

onde estás?

 Fui fraco por ser forte. (projeto interessante de Miguel Gizzas)

melão e melancia

Já pouco peço nesta vida que não seja a paz e a alegria de me encontrar com alguém que goste de mim também E é quando estás assim a sós comigo que sinto como é bom este momento em que os meus olhos são o teu abrigo e os teus gestos são o meu alento

aguenta, coração

 Agora que já se faz tarde descansa Mona Lisa!  Pode ser que terça surja mais harmoniosa e pronta para a arte...

damos um passo ao lado

Tem momentos da nossa vida em que estamos como um hamster numa roda giratória em que corremos, lutamos, esforçamo-nos e não saímos do mesmo lugar. Cansamo-nos, irritamo-nos, desesperamos e por mais que tentemos correr mais rápido, não conseguimos sair do mesmo lugar. A solução está ali ao lado, mas não a vemos. E não é fácil, mas é imperativo que abrandemos, mudemos de ciclo mental até à roda parar de girar. Aí, damos um passo ao lado, e veremos todo um mundo incrível que a roda em movimento nos impedia de ver. Este passo ao lado não é um ponto final, mas sim, o início de um bonito caminho por descobrir.  Abrandar, dar o passo ao lado, e ver o que a vida tem para nos mostrar.  Gustavo Carona

tempo das coisas simples em abundância

Verão é levantar cedo com vontade de cheirar a rua. É receber a luz de sorriso nos lábios. É tomar café descansada. Verão é gelados. É chinelo ou pé descalço. É andar de roupa folgada e cabelo em tótó. Verão é cair no mar e rolar na areia. É transbordar. É saborear o petisco do senhor José. É trincar o pêssego no final da tarde. É ver o pôr do sol com mantinha. É piquenique. É conversa pegada. Verão é esplanada. É ficar cá fora até mais tarde. É virar o relógio ao contrário. É ouvir música acompanhada. É estar por querer estar. É conseguir dormir destapada de janela escancarada para deixar as estrelas entrar. Verão é tempo das coisas simples em abundância.

saudei o sol

porque não sou nem estou sozinha só fico às vezes faço-me companhia

apenas é preciso treinar os olhos

Nesse momento o caminho fica mais difícil, porque por mais que uma pessoa possa estar satisfeita com o que a vida lhe reserva, não se exclui que, no fundo, ela sempre nos reserve um empurrão para o rio acima e nos atire a alma e o corpo em busca de outra coisa. Espíritos gémeos existem. Eles chamam-se, perseguem-se, procuram-se e a sua busca mútua é algo tão natural que nunca exige tensão. É uma questão de vibrações imperceptíveis e harmoniosas. Afinidade é música que cada um de nós precisa saber reconhecer. E ouça! Química perfeita do corpo e também da mente existe. E o mundo precisa de tudo isto para seguir em frente, uma espécie de tensão evolutiva, equilíbrios que são constantemente testados, destruídos e reconstruídos infinitamente. (…). No amor não existe equilíbrio perfeito, nem meio caminho. Apenas é preciso treinar os olhos, porque as mentiras muitas vezes encaixam perfeitamente nas roupas da verdade. O amor verdadeiro é para os corajosos. É só para quem pode esperar. E são re

sei

 Nada se atrasa. Tudo se aperfeiçoa. Tudo se clarifica. Nada chega por acaso. Sei de um lugar e porque cá estás.

Ninguém meu amor

Ninguém meu amor ninguém como nós conhece o sol Podem utilizá-lo nos espelhos apagar com ele os barcos de papel dos nossos lagos podem obrigá-lo a parar à entrada das casas mais baixas podem ainda fazer com que a noite gravite hoje do mesmo lado Mas ninguém meu amor ninguém como nós conhece o sol Sebastião Alba

Sacudo a poeira da estrada

Sacudo a poeira da estrada Deixo a maré alta à entrada Limpo um e outro pé da deriva Dou duas ou três voltas à chave Respiro fundo de alma servida E entro nesta que sou de verdade. (foto de Johannes Palm)

às mulheres

às mulheres (esse sexo tão fortemente fraco!) que recompensam os fracos e amparam os fortes. (palavras das minhas com uma pitada de Pedro Mexia e pintura de Gregory Manchess)

São quase três e vejo o sol a sorrir

Podes vir! São quase três e vejo o sol a sorrir. Conto os segundos. Podes vir! Passam já 12 minutos das duas. E às duas por três, está na hora de acabares e vires. Podes vir! Depressa. São quase três. Está o mar à espera. O sol diz que sim. Traz a toalha, o chinelo e vem! Já pedi o café. Podes vir! Passam já treze minutos e dois segundos. Está a esplanada fresca. Reservei um lugar para ti. Podes vir! Vem depressa. São quase três e vejo o sol a sorrir. Mas quando chegares a pressa some e a calma é que manda…

põe-te no teu lugar

Tanto se diz da empatia - essa armadilha terrível de nos conseguirmos colocar no lugar do outro, entendendo as suas posições e decisões, desculpando até o indesculpável.  Mas, um dia, desviando o olhar para nós mesmos, mudos e quedos, procuramo-nos. E uma voz fininha e infalível sussurra-nos «Põe-te no teu lugar!» (produção artística de Quint Buchholz)

há de ser dia de sol este que se espera

Foi assim exatamente o que, bem cedo, aconteceu.  Eu sei bem o que sinto quando se rasga a luz pela minha janela. Vai ser dia de sol! E esta é a constatação da felicidade. E sou daqui desta terra onde há um cheiro especial e uma sonoridade peculiar que estala nestas ruas. E fico em pulgas para sair. Gosto de assistir ao cedo acordar das gentes madrugadoras, aos preparativos das bancadas, aos primeiros chilreares, aos gatos espreguiçadores, ao tímido ladrido dos cães sem abrigo. Gosto de ver as pessoas a subir as persianas e ver do lado de fora a luz a entrar- lhes por ali adentro. Imagino a felicidade de sentirem, também, que há de ser dia de sol este que se espera.