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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

E se...

...não fosse o que sou? ...fosse outrem que não eu? ...outrem fosse eu? A interrogação assola-me de quando em vez, sem aviso prévio, sem razão de porquê. Podem chamar-lhe "dúvida existencilaista", não sei, prefiro designá-la de awakening . Momentos que se abatem sobre mim, uma certa consciencialização, um momento só, mas profundo, racional e, sim também, emocional. E se não fosse o que sou? Qui sapit forreta, mesquinha, invejosa com dom de mau-olhado. Boneca de porcelana, esmerada, de pele alva e aparência impac . E se fosse outrem que não eu? Seria triste, enfadonha e, quiçá, feliz. E se outrem fosse eu? Não te metas nisso! Sou o que sou, fruto de vivências, de emoções, de paixões, de desafios, de parvoíces e impulsividades. Colhi, e colho, todas as sementes que semeei. Talvez sim, talvez, não...serei sempre eu, não outrem, nem outrem será eu.

"Mach es wie die Sonnenuhr..."

...und zähl de heiteren Stunden nur" Provérbio alemão que, com uma tradução ligeira, te aconselha a funcionar como um Relógio de Sol. Sol que é sinónimo de claridade, alegria, boa disposição, bronzeador e vitamina D!...ou seja, recorda somente as coisas boas da vida. As do passado e as do presente. É uma fórmula antiga, e intemporal, para o bem-estar pessoal. Os provérbios dispensam a consulta no psicólogo ou no psiquiatra. A introspecção e reflexão, feita sem scarving psicológico , produzem a cura dos males que te condicionam. São elas que te fazem seguir em frente, encarar obstáculos como desfios, descobrir potenciais que, por vezes, desconheces que possuis. Portanto, só aspectos positivos...e é assim que o Relógio de Sol funciona. Muitas vezes é difícil encontrar o Sol no meio da escuridão...mas, se te concentrares, ele surgirá. Primeiro pequenino (a famosa "luz ao fundo do túnel"), depois em crescendo até atingir a plenitude. Nessa altura, se tirares uma selfie

Sindicatos, NÃO!

Vou usar a palavra vulgarizada nestes últimos tempos, assédio. O discurso não será anti-sindical, já fui delegada sindical e honro a ideologia na qual assenta. A Marcha dos Indignados a 8 de Março de 2008, foi, para mim, um marco. Um marco de bandeiras brancas, vestimentas multicoloridas e de faxas etárias várias. Foi glorioso! ... The Day After ...os dias que se seguiram foram uma tristeza, uma desilusão, uma afronta! Dessindicalizei-me. Estes mesmos sindicatos, que m@rda fizeram então, estão a fazê-la novamente. Quiçá os interesses corporativos, perdão, micro- corporativos, estejam balizados e formatados para agrado de uma mão cheia de privilegiados sindicais (ou sindicalistas?). É triste ver repetir sempre as mesmas asneiras...mesmo quando lhes é dado apoio massivo. Apoios que são, a posteriori , defraudados. Os sindicatos não PODEM andar de mãos, braços, bigodes, bochechas, (a)braços dados com o Poder Político. É crime de lesa majestade!...uma facada nas entranhas daqueles

História da Cultura e das Artes

Esta é uma temática que provoca uma dualidade de sentimentos... A disciplina veio "parar-me" às mãos, por mais ninguém no grupo disciplinar de História estar interessado. Bom critério de atribuição de serviço, certo?! Ao receber a notícia, entrei em pânico...Arte? ARTE? Por favor! Uma área na qual eu colocava sempre um clipzinho  para avançar em matérias mais "interessantes". Não pensem que os alunos ficavam "prejudicados", não. A aversão à área tem uma boa explicação... Era uma vez uma estudante universitária de Arqueologia. Ela gostava da dinâmica de campo e adorava as práticas arqueológicas. Para sua grande infelicidade, o curso assumia, obrigatoriamente, cadeiras de opção. Num dos anos optou por por História da Arte... Que desastre! Não que ela não mostrasse abertura à cadeira, afinal arte é uma das primeiras expressões do ser humano. O problema residiu no prof (aqui temos um bom exemplo de como um professor pode, ou não, ser fundamental no futuro

Ajuda-nos!

Bom dia. Temos uma pequena ferramenta na lateral esquerda, para vocês nos poderem auxiliar com acções de melhoramentos na página. Agradecemos qualquer contributo que nos queiras dar. Obrigada!

Hino de orgulho e vaidade

Não me envergonho do título. Dizem que são palavras de soberba, arrogância, pedantismo, pesporrência,... Quero lá saber! No contexto, em desenho, são the best ! Enchem e preenchem-me a alma quando considero que a minha vida não é lá "grande coisa". Quando penso que vou passar pelo Mundo sem ter alcançado grandes, vá nem pequenos, feitos. Por isso as uso como self-enhancement . Dá-me alegria quando estou à procura da razão de existência. Treina os músculos faciais quando sorrio, rio, acolho a gargalhada, por algo que diz ou faz. Acalma a turbulência frequente das emoções descontroladas que me assolam. É meu tudo, meu bem, minha jóia, meu tesouro. Estas palavras dizem respeito à semente que lego à Humanidade. Preguiçosa, respondona, irritante, desesperante,... ...mas, igualmente, bela, inteligente, crítica. Não é boneca nem princesa. É cardo e rosa perfumada. Irrequieta e curiosa. Orgulho no ser humano em que se está a transformar. Vaidade por, desculpem lá a imo

Possuída a ouvir a M80

Estou arreliada. As banalidades com que somos presenteados nos media, no mercado do bairro, nas ruas, nas salas de professores e afins, dão-me cabo do juízo. Os temas que, neste momento me chateiam mais são, sem qualquer ordem em especial, os assédios, a educação física, a corrupção, as triquices do futebol e do PSD, e...Sei lá, há para todos os gostos e cusquice! Fico a pensar se a nóia é minha. Há assuntos que, de facto, me preocupam e afectam. P. ex., não sei, a 100%, se vai haver concurso extraordinário interno 2018/2019 e em que moldes se executará. Algo que será decisivo para os próximos anos da minha vida e dos que me rodeiam. Não sei se o Tribunal irá decidir favoravelmente na Luta que travo com o Patrão. A nossa justiça é, e passo o clichê, leeennnnttttaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Decisão que também será decisiva na minha vivência. Não sei porque é que a hipocrisia dos "sorrisos pepsodent" me irrita, de tal forma que sou assaltada por imagens de extrema violência

As primeiras aulas de inglês

Recordo-me sempre que tenho de corrigir alunos na dicção. A turma estava toca em sentido na expectativa do que os esperava. Franz, Regina, Josef, Helga, Heidi, Gretel, Hans, Jürgen,..., e nós, os Ausländer , Carlos, Luís, Paulo e moi même . Herr Schönberger, professor titular da turma, emparelhou-nos e disse para nos sentarmos de frente...A emoção e os sorrisos matreiros começaram a desenhar-se nos semblantes traquinas. "Agora, façam o favor de deitar a língua de fora."...O quê? Língua de fora? Espectáculo... De facto, o espectáculo começou: línguas e mais línguas, de tonalidades rosadas variadas...e as garaglhadas explodiram. Que divertido era o inglês! "Bem, meninos, agora soprem pelos lábios com a língua de fora.". Que loucura entusiasmante, he,he. A malta lá começou a soprar...enão é que começa a sair um som?! ...theeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee... e apredemos o primeiro artigo definido inglês da nossa vida: the! P

Café

O verdadeiro, mesmo verdadeiro, café é pela manhãzinha. Levantar e vir cá fora com o café em ponto.  Olhar o horizonte ver o sol a espreitar. Medir a temperatura pelo fumegar visível da chávena na mão. É a estas horas que aprecio e saboreio cada golinho. Cada respiro de aroma.  Estou pronta para mais um dia!

As Canhonas

Era uma vez... Pois podia começar, podia. Foram anos de muito trabalho colaborativo. Fizeram-se muitas amizades. Os currículos foram leccionados. Os Gandalfos lá foram andando na sua vidinha de estudante...bem, uns mais mancos que outros, mas a existência é mesmo assim. Alegria e chatices...normal há uns anos atrás. As actividades interligavam-se com toda a comunidade educativa. Ninguém parava no núcleo das Canhonhas. Uma está em baixo?...entra outra. Falta algo? ...a malta arranja. Principalmente esta: "Precisas de ajuda?". Encontrei esta relíquia no meu báu...e a saudade bateu. Hoje em dia estamos atafulhados de burocracias e distâncias próximas. Já não há alegria... Quanto às  Canhonhas, cada uma já está para seu lado, mas estes momentos ninguém os pode apagar nem adulterar. À amizade. À amizade no trabalho. À amizade com trabalho.

Ouvindo Chopin

Tom melancólico, triste, no entanto sereno. A agústia aplaca ao som do piano que contigo dialoga. Fechar os olhos, beber e deixar entranhar cada uma das notas é bálsamo que recai sobre a alma em gritos. Ouvir Chopin é deixar as lágrimas correr e secar numa melodia só. É coração em sangue que cura ao minturo que passa. É sangue que pára de rugir num oceano tranquilo. É oceano aplacado por mãos delicadas e sensíveis. São mãos que afagam e abraçam num aconchego calmo. É um abraço reconfortante e apaziguador. Não mais angústia. Não mais sofrimento nem dor. As últimas notas respiram como brisa amena que sopra e afaga todo o Ser. Ouvir Chopin é não mais sofrer.

Quando o despertador toca

O despertador é um instrumento inútil ou infernal. Inútil, quando se acorda antes dele tocar. Infernal, quando se acorda com ele a tocar. Por norma, acordo antes do despertador tocar. São noites em alerta, sempre à espera que a hora de levantar chegue ou então situações de "despertador interior", tornando o mesmo dispensável. Mas pelo sim, pelo não...a malta compra um..ou dois. Depende do grau de toco-dependência de cada qual. O levantar é smood  e tranquilamente cronometrado ... Quando acordo com o despertador, é uma violência e o prognóstico do dia é escuro. Em plena profundeza do sub e inconsciente, nas novelas de guião personalizado, o estrondo (por mais melódico que seja, é sempre uma bomba!!) faz-me saltar e...e...e..."Onde estou? O que se passa? Que dia é hoje?...". É um absurdo de emoções e de interrogações logo pela manhã, questionando a minha existência. É nessas matinas que a escova de dentes é um berbequim furioso, a água um oceano turbulento,

Conde Drácula

A Miúda dormia inquieta. Partilhava uma cama-sofá na sala com a irmã e, nessa noite, já tinha adormecido com algum temor: o Pai ía ver um filme. Não um filme qualquer, um filme de terror com vampiros!...o Pai gostava. O imaginário da Miúda há muito que andava em sobressalto com estes monstros que, para ela, eram muito reais. A noite era sua inimiga! Após o jantar, certificou-se se o filme era para ser visto. A resposta fora afirmativa e nada do que ela pudesse dizer demoveu o Pai de alterar os planos. O ritual de deitar foi penoso. Todo o seu ser tremia com a antecipação temerosa de sonhos escuros e  de personagens de preto, vermelho com dentes aguçados. Acordou embebida em suor e, ainda meio estonteada, abriu os olhos e viu...Viu o vampiro a furar o pescoço de uma donzela alva, as presas sugando-a exangue. O Pai, de costas, não se apercebeu mas a Miúda não mais dormiu. As horas demoraram a passar. Sonolenta, tomou nota do desligar da televisão e da escuridão profunda. Os olhos

Talking about K-Pop

Não sei se é mesmo falar sobre. Talvez seja mais "falar", somente. A questão há meses que é tema aqui por casa. A Benjamin referiu-se a "isto" e eu "Mas o que é que é isso?"...A resposta foi um ar de superioridade género "Ó cota, actualiza-te!". ...e lá me tentei actualizar. Uma agonia inicial que passou por lavagens orais e visuais sobre e dos BTS...o entusiasmo com que a Benjamin falava não me conseguia contagiar. Pareciam meninas, atenção este é um comentário de crime lesa-majestade!...o mundo vai implodir-me no estômago!. Coloridamente penteadinhos, roupas glitteradas , pintados como bonecas de porcelana. "Mãe és mesmo noob !"... Lá voltei à carga para tentar compreender o fascínio da Benjamin. Como progenitora é sempre bom perceber, né?! O.K., por ela, e alguma pesquisa feita, fiquei a saber que o grupo, como os restantes artistas de K-Pop, têm uma disciplina severa enquanto performers e vinculados às grandes agências de entr

Dancing with myself

Quando ouves aquela música que te enlouquece, que te leva a dançar de forma abnegada, deixando fluir as energias. Estás em casa e os teus membros, como se de marionetas se tratassem, adquirem vida. Abanas todo o teu ser e, como um espantalho ao vento, articulas gestos ora violentos ora suaves. Um sorriso acompanha toda a desenvoltura corporal ou, quiçá, lágrimas se soltem como chuva de primavera. A insanidade dos movimentos quase parecem Crazy in Love ...amor pela música, pelo passado, pelo passado. Memórias que explodem and you Jump , pulas, ondulas, mimas cada nota que ouves, cada palavra que cantas. Cantas pois!...cantas a plenos pulmões como se o palco da vida fosse o momento. Adagio não dá para cantar, mas posso sussurar, acompanhando o andamento sentido da composição. Operetta dá, se dá, para cantar, talvez não encantar. Quero lá saber...afinal I'm dancing with myself e para mim. Que importam os outros? Cada nota transporta uma energia que, ao espelho, te torna bel

Tribute to women

Não, hoje não é dia 8 de Março. Não aprecio padrões, marcas balizadas. Mulher é ser tudo o que a Natureza criou. Mulher é poder criar. Mulher não é só sapiente,  também tem o toque, a sabedoria tipicamente feminina (eu chamo-lhe o 5º conhecimento). Mulher é omnipresente e está sempre disponível. As sociedades matriarcais reconheceram o significado de ser mulher. Os tributos eram algo inalienável da vivência socio-cultural. A Deusa-Mãe, simbolizava vida, vida, vida... Com o tempo, outros interesses se impuseram. Ganância, inveja, conquista, guerra,...Um novo modelo nasce: a força física sobrepõe-se à noção de vida. Um mundo masculino, onde a Deusa tem de ser relegada para o estatuto de parideira, de submissão e de fornicação, de demoníaca tentação... Mulher-objecto e pecadora, em que a relação entre o racional e o teológico se funde numa mística de inferioridade concebida  pelas religiões, domadoras de hábitos e costumes. Mulher sem vontade nem querer. Mulher sem sabedor

Tininha

Tininha era surda . Tininha era linda. Tininha era minha amiga. Numa época da vida, ela esteve presente e convivemos enquanto vizinhas de rua. Era baixinha, como eu, trigueira, como eu, cabelo escuro azeviche, forte e saudável,...nada como o  meu. Em criança, creio que pelos 3 anos de idade, foi atingida por meningite...e Tininha ficou surda. Andava no Liceu e, nas férias regressava à aldeia, onde corria para a casa da Tininha para saber e contar novidades. Um abraço e muitos sorrisos. Conversa em dia...gestos, sons (Tininha recusava a linguagem gestual!) e a malta relatava o que se passara entretanto. Ela há muito que tinha feito os seus estudos. Não, não no Liceu. Numa escola especializada para surdos em Portalegre. Aí desenvolveu a fala e as capacidades de qualquer outro aluno. Não me sentia diferente ao pé de Tininha. Era alegre, com um sentido de humor contagiante. "Tininha! Tininha! ...anda tomar café!!"...e lá nos encontrávamos na tasca ao pé de casa. Faláva

The Phantom, ruler of the Jungle...

...O Fantasma faz parte do  meu imaginário adolescente. Adorava quando ele perseguia os malfeitores e os marcava com o seu anel! Justiceiro mascarado, que  cimentou em mim noções de "bem", "mal", justiça, injustiça e afins. Facto: lido muito mal com aquilo que considero injustiças. Vou até aos limites para lutar por aquilo que considero indigno, infame, faccioso, injurioso, desrespeitoso, ilegal... and so on . Muitas deixo o costado pelo caminho. Não me importo!...quer dizer, não será bem assim...Levo tempo a lamber as feridas de batalhas nem sempre ganhas. Mas algo é inegável: batalha houve e não me resignei! Por isso, mesmo que me digam que "não vale a pena", lá estou, cabeçuda e teimosa. Cabeçuda, feito touro enraivecido: por vezes encorno o agressor, outras levo a estocada final e...morro. Covil. Cura. Phénix . Batalha. Teimosa, como se não houvesse amanhã, ergo armas que, por vezes, nem pensava possuir... 'till the end! Por isso gosto de

"I Can Do Anything Better Than You Can"

Hoje apetece-me fazer uma apologia a mim! Está frio, com uma luminosidade intensa. Acender a lareira, enrolar-me no sofá, esperar que a bicharada também encontre o seu ninho e pegar num livro. Paraíso! Viajar por mundos e esquecer o que não considero belo nem feliz. Sou excelente nessas viagens. Não há obstáculos nem gente fria. Sou calor que acentua o calor da lareira, da mantinha, da bicharada... Sou sincera e directa, o que não agrada a todos. Alguns chamam-lhe má educação, falta de polimento social e afins...para mim é a minha verdade. Se não querem, não me coloquem questões nem procurem opiniões. Outros preferem afastar-se para não se cruzarem comigo...só me faz falta quem eu quero. Gosto de agradar, não por falta de auto-estima, ou até não, porque me dá prazer ser prazenteira a quem me faz feliz. A felicidade de outrem também é a minha felicidade. Não é lambisquice, sou mesmo assim. Aventureira, sempre. Aventuras que começam com entusiasmo e medo. Este confronto

Andar de bicicleta sem mãos e campos de trigo

Fim de semana quente e cheiroso. O Gang dos Portugueses , montados nas suas bikes , conferenciam, desenhando o trajecto do dia. Uma garota e quatro garotos...sim, é a única daquela faixa etária. Os outros ainda são muito bebés para acompanhar o ritmo enérgico dos Cinco. Os mobiles estão ornamentados com fitas e emplastros manufacturados...É um conjunto colorido e risonho, pois é. Está decidido: caminho de terra batida, acrobacias e campos de trigo! Bora lá! Com gritos de guerra e incentivo, o Gang arranca...Sensacional!...ar...aromas...calor. Não é preciso mais para ser feliz! Chegados ao troço do primeiro desafio, olha-se fixamente o caminho, como se de um touro bravio se tratasse: vamos vencer! Bora lá! Bora lá!...movimento em massa...acelera, pedala, acelera, pedala,...com intensidade crescente. A velocidade torna-se estonteante e é dado sinal para o "sem mãos"...O vento desgrenha os cabelos, as faces enrubescidas pelo esforço, as mãos peganhentas de suor,... Bora lá

Quando a Tristeza Bate

Quando a tristeza bate, o coração aperta e a mente fecha-se. Aperta. Aperta...de tal forma que o ar se esvai e o coração se esgrime em sangue. A alma embate, qual borboleta desnorteada, nos acutilantes recortes da mente que, sem dó, rasgam sonhos e deleites. O Bem não tem assento, nem ascendente. O Mal flameja e o cheiro a carne queimada, empesta os ares, qual imagem infernal. As lágrimas são secas, não!,  húmidas, não sei bem...Se secas forem, maior a dor, por correrem em rios invisíveis. Se húmidas se apressam, esgotam a tristeza sentida, pois as mãos amparam a dor derretida. O frio alastra-se e cobre o calor da felicidade. A melancolia amortece o movimento e a inércia, com hálito bafiento, sussurra "Hoje não é o teu dia..." Os demónios assolam  todo o ser, alimentando-se das angústias, padecimentos, agonias,..., que transforma em tortura dilacerante. As mãos rasgam as vestes, exorcizando as maleitas que, teimam em magoar o que já frágil se aponta. O olhar perde-se

O 1º ano escolar e os "cones de açúcar"

Tremendo! Fantástico! ...o meu primeiro dia de escola! 19 de Setembro de 1972, Volkshochschule Schönwald ... Vestida com todo o primor pela mãe envaidecida, os olhos não paravam de se dirigir para a Zuckertüt e que se encontrava encostada no canto do sofá. O que estaria dentro do cone?...era a questão mais premente. Muito? Pouco? ... Família aprontada, irmã quase que gémea na apresentação (mania maternal de vestir a prol de igual forma), inicia-se a marcha para a escola. Pelo caminho, mais famílias se vão juntando e, em tom entusiasta, trocam-se informações, impressões, preocupações. Nada que interessasse à pequenada. As suas únicas preocupações eram os cones que carregavam orgulhosamente nos braços. O teu é maior que o meu?...as comparações eram inevitáveis. O meu tem mais que o teu?...os temores de inferioridade também eram inevitáveis. Chegados, já o átrio estava pejado de grupos familiares de toda a cidade. A Directora dá as boas vindas a todos e indica a sala das diversas tu

Eu vi a parte final do recto de uma vaca bem de perto e não teve piada

Atrasada. Detesto chegar atrasada! Já tinha carregado bem no acelerador, algo que não aprecio demasiado, estava com os nervos em franja e sempre a olhar para o relógio do carro. Pombas!...logo hoje que ia dar prova escrita ao 9º ano. Há dias malfadados, em que os astros decidiram chatear um microscópico mortal: esta pessoa que vos escreve. Última curva...Pisca à direita e abrandar. Stop! Alerta! Uma manada de vacas bamboleava-se, com toda a tranquilidade do mundo, na estrada. Incrédula, travei e olhei em volta à procura do pastor. Enquanto isso, curiosas, algumas delas interessaram-se pelo carro... Uma dá uma lambidela no vidro que ficou asquerosamente embaciado. Outra coça um dos cornos rombos no espelho direito... Socorro! Encontro, finalmente, o pastor. Encostado indolentemente a um carrasco, saboreando o sol matinal, encontra o meu olhar. Aliviada, faço um gesto para ele afastar as vaquinhas...Qual quê! Parece não me entender ou não querer abdicar da sua zona de conforto...ou