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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2022

agora é que te provoca

dos que palpitam  docemente feitos da carne temperada e de sangue a ferver agora é que te provoca agora é que há tanto que se sabe agora é que há tantos dos que palpitam docemente agora é que há tantos versos para viver

um mais um é um

Um mais um é um Um só lugar O nosso lugar E, como dizia a canção,  A vida costumava ser tão difícil E agora é tão fácil  É a nossa casa! Sempre foi! Tão fácil, tão simples, tão certa!

marcas

Há mar e marcas marcas que a onda apaga e outras que o mar afaga

sometimes it takes you a long time to sound like yourself *

Miles Davis disse, a certa altura, que por vezes leva muito tempo até podermos “soar” a nós mesmos. Nada mais acertado e poético. Acertado porque levamos uma vida para nos conhecermos e encontrar. Poético por via da metáfora da afinação, como se fôssemos um instrumento musical. Depois de ler este pensamento muitos outros me assaltam. Por exemplo, pensar quantas vezes desafinamos porque não conseguimos lidar com uma situação. Quantas vezes tocamos fora de tom porque a pauta se torna complexa e difícil de ler… ou ainda, as vezes que destoamos porque algures na orquestra, em que habitualmente tocamos, alguém toca desafinado… Acredito cada vez mais nessa ideia de evolução por camadas. Há quem prefira tratar por fases, mas eu gosto mais da ideia das camadas, como se, com passar do tempo, fôssemos descascando a cebola até chegar ao seu bolbo, ao fulcro ou à essência daquilo que somos. Há dias li uma frase que sugeria imaginarmos ter 99 anos, estarmos no nosso “leito de morte”, em que nos ser

chegar em sorrisos

Chegar. Há um encontro marcado. E chegar em sorrisos. Como quem se dispôs a estar connosco simplesmente porque nos faz sentir em paz porque se sente em paz.

olha só, povo azarado

 Quem os vê daqui de cima tão pequeninos, tão juntinhos alguns tão fartinhos de tudo outros tão isoladinhos Quem os vê daqui de longe parecem todos perfeitinhos e sobrevivem no seu mundo tão belo tantos são os que sorriem com vontade de chorar e é mais um dia agradecendo, padecendo de males variados outros tantos choram de tanto festejar pelas alegrias alcançadas  coitadinhos, todos juntinhos Quem os vê daqui de cima tão pequeninos, tão frágeis parecem soldadinhos de chumbo tão insignificantes saltando ao pé coxinho e cheios de medo à espera do veredito final Quem os vê daqui de cima atrapalhando-se todos afinal acotovelam-se já são oito mil milhões e já nenhum deles sabe do destino do planeta que os une estão em guerra

indelével

 um movimento de queda          não da trágica e pesada                                   de uma pedra                         mas a tão airosa e leve            indelével                 de uma folhita outonal          certeira e fatal                            não verde                                    laranja imperial                      quase carmim             que volteia         e enleada em suas voltas pousará livre no chão

Quanta intimidade!

Quanta intimidade quando o sol dispara! É por isso que os olhos se fecham e a boca se abre E respiras numa última tentativa de liberdade!

sonho meu

  Sinto o canto da noite na boca do vento fazer a dança das flores no meu pensamento Traz a pureza de um samba sentido, marcado de mágoas de amor Um samba que mexe o corpo da gente o vento vadio embalando a flor sonho meu

de uma vírgula mal colocada

Um dia, O perigo da expressão inacabada de uma vírgula mal colocada talvez Um dia,  quando os oceanos permitirem, ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,

apreciar as coisas simples que te são dadas

Outono é sentir, de nariz orvalhado, o primeiro arrepio da manhã. É aprender a receber as nuvens de sorriso nos lábios. Outono é sentir a chuva. É praia com nevoeiro. É sentir a gola do casaco a subir. Outono é sentir o cheiro a castanhas assadas no largo da cidade. Outono é reparar na natureza a explodir de cor.  O outono pede-te um chá quentinho. Outono é sentir o teu calor. É saborear a compota de abóbora em pão de nozes. É ver um filme em família. É pijama fofinho.  É conversa morna à lareira. É usufruir do sofá. É estar por querer estar. É sentirmo-nos abençoados. O outono é mais uma oportunidade para apreciar as coisas simples que te são dadas.

E eu nem gosto de gatos. E os ratos são astutos.

As árvores. Frondosas. Vigorosas. Espreguiçam-se em sombra pelos passeios sentam-se nos bancos  mesmo por cima das pessoas esticam-se em braços fininhos já sem folha, já só galho já sem fruto, já nem flor São apenas frondosas. Aparentam vigor. E já tudo aconteceu uma e outra vez uma e outra vez cenas repetidas mil vezes E não gosto nada de assistir à mesma cena vezes sem conta como se fosse sempre a primeira vez simulando cara de espanto  perante jogo tão intrincado já nem gato, já nem rato E eu nem gosto de gatos. E os ratos são astutos.