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A mostrar mensagens de março, 2024

e acreditam ainda na possibilidade de sol

nunca antes a primavera me havia falado assim tão cruel tão fora de si, desvairada e fria surpreende-me ainda de luvas na mão e chora que nem criança mimada faz birra, atrasa-se ciente das mudanças deste tempo as flores incólumes pesam com a água que pinga pinga e acreditam ainda na possibilidade de sol

Dou por garantida esta minha estranheza

 Não costumo fazer à pressa uma avenida Sinto, antes, pedra a pedra uma calçada como quem anda sempre entretida. Não costumo beber chá, mas delicio-me com café e adoro pão tostado, de preferência de um só lado. São estes os meus modos verdadeiros os que me fazem andar pelo meu próprio pé. Dou por garantida esta minha estranheza. É isso, sou de mim mesma e nunca deste ou daquele lugar.

atrai e finta no tempo certo, ainda de ovo na mão

atrai e finca, o vento é certo tem espátula comprida o tempo vem-nos à boca um travo acre e porque não se pretendem mais espasmos vale-nos ao menos o que não é capa atrai e finta no tempo certo, ainda de ovo na mão descascando-nos do que nos entorpece e fica-se à espera do próximo que se sente ao nosso lado com o júbilo que merecemos e não com um a ver se te avias em apuros

deixa - me que te lembres

Deixa-me que te lembres do meu ar e da minha forma da cor do meu cabelo da minha voz calma e destes olhos claros e brilhantes que te têm

mas só enquanto ficamos bonitos ao relento

Construímos muros altos à nossa volta por nos supormos jardins sumptuosos que urge preservar da vista alheia entrincheiramo-nos e calamos o canto viramos estátuas quase perfeitas daquelas que jorram água para dentro de um lago que está sempre cheio Tão potentes e seguros! Mas só enquanto ficamos bonitos ao relento.

um lugar de março em funções

terra caiada inundada por mil sóis pequeninos chão tapetado puro veludo verde-claro (surpreendida por um mar de malmequeres selvagens à beira da estrada)

Arranco-me em uis! e ohs!

Ponho-me a olhar e é uma fraqueza perante o que é torto e jamais se endireita.  Arranco-me em uis! e ohs!  consoante a surpresa ou desilusão à medida do enxergado e é cada vez mais um e a montanha pariu um rato!  É cada vez menor a vontade e maior a evidência  da perícia do rato danado para a ratoeira. Daí estas rugas que se plantam ao canto do olho e na testa de tanto decifrar ou sorrir  a propósito do que nos assola ou nos transforma  em botão de ligar ou desligar.