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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2022

eu começo onde me descubro*

 O café é sem açúcar mas o poema é doce A caneta de uso obediente mas a mão é vagabunda Talvez me quisessem como o café ou provavelmente como a caneta  mas esta minha vontade esbanja claridades a respiração é vadia, a agenda é longa E este poema combina com o nosso café que é motor para mais caminho. ( o título deste meu texto é da autoria de André Tecedeiro)

ninguém sobrevive sozinho

Ninguém sobrevive sozinho e basta pensar de imediato na noite de natal ou na hora H e não estou a referir-me à hora da morte mas a todas as horas que sobram antes dela Portanto vou pôr a mesa pratos, talheres e guardanapos a condizer dos de pano, dos que não se deitam fora, que se lavam e guardam para sempre vou dispor as cadeiras de par em par e abrir a porta Sim, tinhas razão.  As salas são bonitas com candeeiros de pé iluminados  e as lareiras fogosas no inverno, mas com quatro pés no mínimo entrelaçados nas almofadinhas do sofá E mesmo que te depares comigo aqui sozinha a apreciar a paisagem neste alpendre estamos doravante nisto juntos Todos os que nos decidimos ficar para nos regalarmos na noite de natal  para nos suportarmos nesta hora H Porque ninguém sobrevive sozinho.

a lei do não retorno

Qual Gretel, já sem Hansel, aprendeu. Aprendeu a enfeitar de pedras o caminho não para construir castelos não para preparar regressos mas para firmar o não caminho do retorno. (foto de Sebastião Salgado)

Isto não é um quadro de Van Gogh

Isto não é um quadro de Van Gogh.  E este Van Gogh nem é pintor.  Nem estes girassóis são um quadro.  Isto é apenas um Oh! Ou um Ah!  Tem qualquer coisa de interjeição.  E, como é interjeição, não pode ser encarada a ponto final... Hoje, isto que não é quadro de Van Gogh nem muito menos estes girassóis são uma pintura surgiu contundente na minha mochila.  Assim. Cheio de pontos de exclamação.  Como quem retira um excerto ao texto.  Sem aspas.  E é tão fácil meter a mão ao saco.  Mesmo sendo bolsa de mulher... O difícil e altamente perturbador  é ter tido a pontaria exata de te encontrar.

a.d.o.r.o.

 Adoro. Combinação perfeita: esta música e o meu mar.

trans(b)for(d)mar

Transformar. Isto é o verbo transbordar que ganha, finalmente, nova forma. Isto é ser ela que não se põe à janela de corpo iluminado mas mostra o universo aos animais de caça quando desce ao mercado. Ela que desce nos cabelos das estrelas bem nas barbas dos fantasmas que aprendeu a desmontar e acaba a transformá-los em brinquedos. (Manel Cruz mastigado por mim)

viagem no tempo

 e se voltassemos aos anos 20 e encontrassemos Dua Lipa?

mais vale o relógio do sol

um dia foi a sério dei em disparar e foi tiro certeiro explodi com o relógio de cuco esse instrumento trapaceiro com seu tic tic, tic tac  um martelar prescrustante que se me impunha desleal  um cuco fiteiro que ilude que nos atende  mas, afinal, nem espera pela gente (foto de Imke Jurgens Braun)

o que me atrai em ti é o mistério

Alguém me sussurrou - o que me atrai em ti é o mistério – Também a mim o que me atrai é um mistério… neste ponto estamos em acordo.

voz

 Descobri-lhe a voz. Magnífica.

das palavras e das terras de que gosto

Das palavras e das terras de que gosto não me afasto Do que me dá consolo e alegria (entre elas a poesia mais o calor) não descarto Tanto para ver e tanto para sentir É o melhor. E é quando sopra o vento que me enche o corpo e ganho alento Porque é melhor uma ideia ao fogo Da neve nada quero, é fria De promessas anda o mundo cheio prefiro esta minha certeza que me dá consolo e alegria: a das terras de que gosto e da sua poesia.