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A mostrar mensagens com a etiqueta Maria Liberdade

Falemos então de facilitismos, Sr. Costa

"Não é justo que a escola, que é a única esperança de mobilidade social para muitos, em vez de eliminar as assimetrias sociais à entrada, as reproduza ou, por vezes, as acentue." Comecemos, então.  Há aqui uma expressão que ouço muito no meu dia-a-dia profissional. "Não é justo"...  ...pois, deixe que lhe diga que, a massa mais jovem tutelada pelo Sr. Secretário de Estado, à qual o Sr. diz que a escola só pode dar esperança através da mobilidade social, usa este vocabulário quando, por exemplo, lhes refiro que o colega A, devido a dificuldades "diagnosticadas" na alínea tantas do normativo tantos, irá "beneficiar" de uma estratégia de avaliação um pouquito diferente das dos restantes colegas. Esta diferenciação, para si quiça redutora, já vem, por si só, acentuar as assimetrias dentro da minha sala de aula. Sabe, certamente, que a sala de aula é o habitáculo privilegiado da minha profissão, em seu entender espaço onde defraudo os a

Crónicas de Uma Viagem 3

            E a noite cai em menos de nada, límpida, mas sem estrelas no céu. Apenas vejo a lua, cheia, grande, brilhante, deslumbrante. Gosto muito da lua porque podemos olhar directamente para ela e, para mim, sempre simbolizou um elo de aproximação entre mim e quem estava longe, pois podíamos ambos olhar para a lua em simultâneo e estávamos a ver o mesmo, apesar do afastamento geográfico. É uma imagem muito reconfortante e romântica. A lua é feminina, como diz o meu “ex-namorado”.             Quase que não há outros automóveis a circular no meu sentido, nem no sentido contrário. Subitamente começam a aparecer relâmpagos no negro do céu, muitos e sucessivos. Não resisto; encosto na berma da auto-estrada, ignorando conscientemente o perigo deste acto, mas tenho de apreciar este espectáculo! Abro a porta, saio do carro, encosto-me e fico a olhar o céu por uns bons minutos, a pensar na energia carregada nos raios que, talvez um dia, a ciência a saiba aproveitar, como tentou fazer, ma

Crónicas de Uma Viagem 2

( continuação ) by Maria Liberdade             Saio da garagem do prédio que habito, junto ao rio, com o termómetro exterior do carro a marcar 15º C. Deparo-me com um nevoeiro cerrado e vejo o termómetro a baixar vertiginosamente, tanto que, ao fim de 6 quilómetros decorridos vejo registados 5º C. O nevoeiro não levanta e na auto-estrada o termómetro cai até 1º C! Prevejo que a minha viagem até Santa Maria de Além-Mar vá ser debaixo deste nevoeiro e com muito frio; mal sabia eu que estava redondamente enganada...             Tenho o hábito de não colocar a antena do rádio no carro para que não ma roubem, nem mesmo em viagens grandes, pois tenho receio de me esquecer de a tirar depois, ou seja, ao fim de uns 60 quilómetros percorridos, começo a ficar sem conseguir ouvir rádio e, como não tenho leitor de cd's, digo para comigo “hora de falar com a minha amiga João, do Porto”. Coloco o auricular e faço a ligação. Quase sempre sou bem sucedida e damos dois dedos de conversa, ela

Crónicas de Uma Viagem 1

“Escrevemos para exorcizar fantasmas e demónios, ou para reter memórias”, Maria Liberdade Crónica de uma viagem             Janeiro, seis e quarenta e cinco da manhã, o despertador toca. A cama está quente e o quarto  a uma temperatura muito confortável, aconchego-me no corpo do homem que dorme a meu lado, o meu “ex-namorado”, como diria o meu amigo Zé Pato, pois passou ao estado de recente marido. Não me apetece levantar. O despertador toca mais três vezes, com intervalos de cinco minutos, voltando o meu consciente a cair num sono profundo entre cada toque, mas às sete horas tenho mesmo de sair da cama, pois um longo dia espera-me.             Reservo-me o privilégio de tomar o pequeno-almoço em casa, no quarto bem climatizado, sentada na cama, refeição esta a minha preferida, acompanhada com a leitura de um livro. Este hábito por vezes prolonga-se e lá estou eu a atrasar-me, quando deveria sair de casa às oito e meia em ponto. E, quando tal acontece, envio um sms para a

Sabes do que sinto saudades?

Sabes do que sinto saudades? De estar apaixonada! Eu digo: as paixões são como as marés, vão e vêm, umas são marés calmas, outras são verdadeiros tsunamis! Sinto saudades daquela sensação de adormecer e acordar a pensar nisso, de andar feliz e de que nada me pode perturbar! Mas a paixão não tem necessariamente de ser por alguém; pode ser por uma ideia, por um projecto, algo que me faça sentir as borboletas na barriga! Ah sentimento bom! Há lá coisa melhor! Tenho saudades! Mas as paixões não se procuram, nem se encontram; acontecem-nos... Paixão não tem a ver com amor.  by  Maria Liberdade