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A mostrar mensagens de dezembro, 2023

descalço-me de sombras para chegar a ti

descalço-me de sombras para chegar a ti as linhas do meu rosto são claríssimas nelas não vês o velho, a criança, o adulto vês apenas o traço comum que é onde eu procuro a tua mão na transparência da minha palavra inteira (Vasco Gato)

Um fragor: é

UM FRAGOR: é a verdade ela mesma que surge entre as pessoas, no meio do turbilhão de metáforas. (Paul Celan)

E lá vai o sujeitinho impune a mexer com as nossas consciências

Uma manhã de nevoeiro, fria. Cheira a torradas. Acabei de engolir o café da manhã e aqui estou eu, dentro do carro, pronta a empreender o mesmo trajeto de todos os dias.  Todas as manhãs, mal dobro a esquina do muro de Vinhas da Índia, deparo-me quase sempre com o mesmo cenário. O trânsito automóvel aumenta e a estrada parece diminuir. Carros e camiões, às vezes tratores e motoretas. Uma azáfama! E no meio da confusão, surge sempre a mesma figurinha de que me apetece falar-vos.  Vai na berma da caótica estrada, correndo o risco de ser atropelada. É que os passeios são exíguos e mal engendrados nesta estrada nacional. São sete e quarenta e cinco deste dia de nevoeiro. E lá vai ele. É um indivíduo magro, aparenta ter sessenta e tal anos, poucas rugas, bastante cabelo grisalho, bem penteado, roupa clara, tão clara que parece exalar um cheiro a sabão Rosa nesta manhã de nevoeiro. Vai direito como quem cumpre um dever, apesar do passo descontraído. Eu penso até que, para ele, a rua está des

o natal é mulher

O Natal é Mulher.  Porque é cor.  Porque é mesa. É alimento.  É companhia. É calor.  Porque é beleza.  É luz. É brilho. É nascimento.  É magia. É alma. É amor.

à prova de balas

Tic tac  tic tac  tic tac.  Desta vez é assim.  Tirar os pés do chão e dar corpo à pele que, afinal e secretamente,  sempre desejamos ter.  Tic tac  tic tac  tic tac.  ... faltam apenas oito dias. 

Mas ao que chega e ao que passa atenta e sente no que restou…

Foi-se o rei e a rainha (quantas vezes idolatrados) Foi-se o conde e a comitiva Foi-se o bobo e a escrava (tantas vezes incompreendidos) Foi-se a forca, a barbárie e o baraço Foi-se o encoberto e o embuçado Foram-se os canhões e os batéis Mas ao que chega e ao que passa atenta e sente no que restou… Foram-se os dedos, loucos anos «dourados» MAS ficaram os anéis…

a noite já vai longa e o adro invariavelmente cheio

a música tem esta particularidade maravilhosa de entrar e ficar para que uma e outra vez se repita e nos chegue numa rua qualquer com a inesgotável nostalgia ou alegria ou tristeza ou saudade mas sempre como algo de bom que fica para sempre

alguns têm a sorte de ficar com as partes piores

Tu que te endireitas mais uma vez nessa cadeira e olhas para mim dessa maneira.  Tu que, por norma, falas de coisas bonitas,  fala-me do fracasso.  Da beleza do fracasso.  Pois bem, sabendo nós que há sol hoje, particularmente, chove.  E a chuva que cai neste dia não anula nem o dia de sol que viveste nem o dia de sol que há de surgir.  Até porque, olhando para ti desse jeito,  está o dia de sol estampado no teu olhar –  o que já sentiste e o que esperas sentir.  Portanto, não falemos de sol.  Falemos de chuva. E de como vieste parar aqui.  Foi por causa da chuva.  Muito provavelmente, se fosse dia de sol,  não terias passado por mim. E está-se bem aqui, não achas?  Sim, muito bem. 

Anda! Não te acanhes!

aquele bocadinho soube à grande alegria das coisas pequenas e boas que nos fazem lembrar que as coisas grandes não são grande coisa

desencontros

Talvez  nunca chegues a ter tempo. De te encontrares para que me encontres.