Tu que te endireitas mais uma vez nessa cadeira
e olhas para mim dessa maneira.
Tu que, por norma, falas de coisas bonitas,
fala-me do fracasso.
Da beleza do fracasso.
Pois bem, sabendo nós que há sol
hoje, particularmente, chove.
E a chuva que cai neste dia não anula
nem o dia de sol que viveste
nem o dia de sol que há de surgir.
Até porque, olhando para ti desse jeito,
está o dia de sol estampado no teu olhar –
o que já sentiste e o que esperas sentir.
Portanto, não falemos de sol.
Falemos de chuva. E de como vieste parar aqui.
Foi por causa da chuva.
Muito provavelmente, se fosse dia de sol,
não terias passado por mim.
E está-se bem aqui, não achas?
Sim, muito bem.
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