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A mostrar mensagens de dezembro, 2019

A Vida é bela!

Eu sei que podia descrever a Vida assim: um dia que se esgota num ápice e nós correndo para a sombra fechamos as portas de casa pousamos as cabeças na crina deste cavalo e seguimos agarrados aos flancos crivando as esporas para aguentar a noite à espera do dia que se segue e que se esgota em batalha... Mas não posso expor isto desta maneira assim! Simplesmente porque as descrições, tal como a Vida, alimentam-se de Adjetivos! E apercebi-me, agora, que não há aqui nem um!... Mónica Costa

Nem mesmo esta árvore que esperou por mim durante um ano inteiro!

Tenho quase a certeza que só esta manhã é que me veio à lembrança que estamos no Natal! Época de comunhão! E andava eu tão absorta que nunca mais me lembrei da árvore natalícia. Lá ficou encaixotada desde o passado dia sete de janeiro e, até hoje, ainda não tinha dado sinais de vida. E agora que olho esta árvore, ainda por decorar, é que parei…De vez em quando, temos de parar, não é? Pois, foi o que me aconteceu, estagnei num pensamento…  É Natal! É Natal! E por falar em comunhão, estamos naquela mágica e incontornável época do ano! Altura propícia para balanços e inventários, o registo do Deve e do Haver. E por falar em comunhão… Quem fez o quê? Quem merece? Quem pode estar presente? Quem pode e não quer? Quem não pode e quer? Para onde devo ir? Onde fico melhor sem chatear muito? Com quem quero estar? O que comer? Quando comprar? O que comprar? Será que tenho tempo?  E lá andamos nós esgotados nesta lista interminável de questões efémeras, desejando um dezembro com 62 dias ou, ent

arbusto

Foi no fim do outono que começou este inferno e de lá para cá tem andado agitado aquele arbusto danado que vergado se expõe a este diabólico inverno vê-se despido e açoitado leva todos os dias porrada e, mesmo fustigado, debate-se firme à espera da primavera… Mónica Costa (arte de Cristina Troufa)

Que remédio!

Pequenos toques como o primeiro esfregar o olho direito ainda de rosto enfiado no travesseiro atirando o esquerdo para o céu para ver o tempo que faz arrebitar o nariz que nem cão farejando o nevoeiro ou simplesmente morder o lábio matreiro que, sedento e húmido, deseja mais um dia por inteiro abrir os braços, insinuando que se atirará por ali fora trincar a tosta, beber o leite devagar, assobiando que nem canário! E salta o chinelo, foge o pijama e expõe o corpo ao manifesto Calça a bota, veste o capote, leva a saca e o farnel com a salada Vai direita e combinada na cisma de que será uma boa jornada E assim se afasta da rotina que cansa e se envolve no dia que a satisfaz E vai leve e sempre com sorte por considerar este dia perfeito! Faz chuva? Bem bom! Faz sol? Ainda melhor! Minudências! É este o único remédio! Viver em regozijo por esta generosidade ostensiva de viver todos os dias estes toques como se fossem os primeiros. Mónica Costa

Agora!

É o agora não é o ontem nem o amanhã é este instantinho pequenino em que me deito sob esta manta quentinha e onde a neve se transforma em lençol É um calor que vem de dentro para fora e de fora para dentro de mim e assim enrolada nesta manta de agora nem consigo ficar ali a pensar no amanhã Fico exatamente aqui num gozo puro e simples de quem tem as unhas cravadas neste agora e não quer por nada deste mundo deixá-lo ir embora. Mónica Costa