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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2024

colei os costados à tábua

O que vai na alma, por vezes tão à superfície, é inalcançável, no entanto, aos olhos dos mais distraídos e aos pés tão cheios desta areia.  Colei os costados à tábua. Estava o banco gelado e é inverno. Daqueles dias de cortar à faca. A roupa húmida à espera de algum bafo quente que não deixe o nariz num tão estado de lampião aceso e pingando. Cheira a barcos que chegam de longe e a peixe fresco, a grelhados de robalo e pão acabado de cozer. Cheira a páginas de jornal velho e tresanda a abundância de algas. Este banco sabe a um momento depois da tempestade. Tenho os cabelos em chama e levo as mãos à cabeça, domando a selvajaria capilar, mas o vento é um estupor e desarranja-mo por completo. A camisola que visto é da cor do céu quando chora. Cada ano que passa, menos sei e acabei de esmagar, sem querer, um caracol. Eu que gosto tanto de caracóis. Não fosse o vento, até se estava bem aqui, de papo para o ar, aguentando este frio. Esta é a altura do acontece e há um ganho em segundos quand

E há um mistério que se desprende neste Porto sentido.

A meio desta tarde, chove. Uma chuva, miúda, é certo. E, embora molhe, não intimida as gentes. Estão as ruas cheias, os cafés e as lojas. E é curioso porque parece gente animada. Está frio e há um nevoeiro que se mistura com o fumo das castanhas assadas. Parece novembro. E há um mistério que se desprende neste Porto sentido. Nem sei se importa o dia exato em que tudo isto se abre ao meu olhar. Fecho os olhos e tudo parece não ter espaço nem tempo. Só sei que a mistura de tudo isto e mais a água que se mistura faz de mim a miúda mais sortuda do mundo nestas ruas por onde deambulo debaixo de chuva, a meio desta tarde.

Morremos todos os dias mais um bocadinho

 - Morremos todos os dias mais um bocadinho - mas só à noite porque de manhã outro galo canta  e diz que somos jovens demais para pensar nisso e que podemos ir por aí afora cantar a toda a gente o dia por inteiro esse novíssimo dia que nos nasce todos os dias depois da noite e logo, podemos descansar e recomeçar a ladainha - Morremos todos os dias mais um bocadinho -

Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira

Fico-me pelo Alberto, o Caeiro mais este sol nas costas que sabe tão bem mais a paz do que se quer por inteiro e se tem «Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira»

Está em tudo aquilo que te quero fazer.

Está na cabeça tudo aquilo que te quero fazer. Recordo-te que a minha casa é a da roupa mal estendida: Duas molas por toalha, uma por lençol vincos piores do que os das mães conservadoras que passam a ferro até as calças de ganga. O chão está impecável e o tapete é novo. Onde está o poema perguntas? Está em tudo aquilo que te quero fazer. (poema de Nuno Santos)

como lidas com os muros

 vim cá para ver como lidas com os muros que valor dás às pedras e ao pó e de como os transformas em caminho

neste dia de inverno é nisto que penso

Ficou-nos esta mania Sinto-o todos os dias Somos parecidos. Ficou-nos esta mania de querermos ser felizes. Ouve o respirar concertado É ou não igual?

sementes

Quando pisas o pé descalço no chão da tua terra No desenho que fazes há a marca do teu mundo verdadeiro