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A mostrar mensagens de janeiro, 2024

A luz acende-se. Está o pátio molhado e cheira a hortelã.

Ver-te assim à janela à espera que o gato regresse e, de repente, fazer-se música aí dentro enquanto a chuva cai. Trago o cesto cheio de fruta madura acabadinha de colher e uma saca de pão. Entro e está o forno a aquecer, a mesa posta. Está a mão na massa. Canta o pássaro na gaiola. Varre-se as migalhas e guarda-se o saco da farinha. Trinca-se umas nozes e recomeça a morrinha. Está um dia bonito e chuvoso. Mas é dia de passo lento e de descanso. Dia de família. Está quase no fim o dia. A luz acende-se. Está o pátio molhado e cheira a hortelã. Arrastam-se os chinelos pela casa e mia o gato lá fora. As jardineiras continuam vermelhas e já demos banho ao cão que vem desenfreado esfregando-se na alcatifa da cozinha. Está, hoje, a casa cheia. E tudo isto acontece enquanto desliza o caracol a baba na parede da varanda. 

Tem esta particularidade interessante de desafiar a lei da graciosidade

 Enrola-se em si por entre os cabelos Tem esta particularidade interessante de desafiar a lei da graciosidade E nem o tempo se ofende! Teima em prolongar o entretenimento Neste enrolar descontraído de dedos em S E fica assim alheada por entre os cabelos enrolados em S por entre os dedos

Ai a minha perigosa vulnerabilidade!

Uns altinhos de toupeira pelo jardim fora. É uma casa abandonada.  Espreito sempre que vejo uma janela aberta em casa abandonada  Vá-se lá saber porquê! O sol que se viu é coisa que não se esquece.  Deve ser por isso que, mesmo em dias de chuva como o de hoje há sempre algo de sol que consigo enxergar.  Normalmente, nos jardins abandonados há coisas de sol.  Como esta que vos exponho.  E eu adoro-te, mas este verão não me há de escapar.  E, de repente, lembrei-me de alguém que anda sempre nas nuvens.  Ai a minha perigosa vulnerabilidade!

((um modo, ainda de amar

Não sei dizer quem de nós partiu de nós primeiro Gosto de pensar que partimos juntos, como se Ir pudesse ser jeito de permanecer ainda uma espécie de plano a dois (um modo, ainda de amar) Mar Becker

are you part of the Universe or is the Universe part of you?

porta tão branca que se abre tão estreita para tanto corpo que a enche trajeto que se revela tão curto para tão longa viagem uma espécie de espaço e tempo no qual nos inserimos ou que nos habita