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História da Cultura e das Artes

Esta é uma temática que provoca uma dualidade de sentimentos...
A disciplina veio "parar-me" às mãos, por mais ninguém no grupo disciplinar de História estar interessado. Bom critério de atribuição de serviço, certo?!
Ao receber a notícia, entrei em pânico...Arte? ARTE? Por favor!
Uma área na qual eu colocava sempre um clipzinho para avançar em matérias mais "interessantes". Não pensem que os alunos ficavam "prejudicados", não.
A aversão à área tem uma boa explicação...
Era uma vez uma estudante universitária de Arqueologia. Ela gostava da dinâmica de campo e adorava as práticas arqueológicas. Para sua grande infelicidade, o curso assumia, obrigatoriamente, cadeiras de opção. Num dos anos optou por por História da Arte... Que desastre! Não que ela não mostrasse abertura à cadeira, afinal arte é uma das primeiras expressões do ser humano. O problema residiu no prof (aqui temos um bom exemplo de como um professor pode, ou não, ser fundamental no futuro de um pupilo...e não me venham com tretas "estudológicas"!!).
Fulano arrogante, anafado e encorpado...que gostava de meninas na fila da frente, de preferência de sainha bem curta, sorriso cimentado no rosto, batejar de pestanas bem pintadas e afins de uma dondoca. Que mau!...nada nela se encaixava nesse perfil. Problema? ...as notas eram "dadas" mediante a graduação assumida pelo professor!...não cheguei muito longe e acabei por odiar (linguagem da altura de jovem desmiolada e cheia de convicções!) a cadeira e, por arrastamento, a Arte. Pena e shame on me...

Foi, com este sentimento enraizado, que tive de assumir HCA.
Mas, já mais velha, encarei a situação com o um desafio. Adoro desafios!
Foi um rodopio: primeiro de indignação, depois de aceitação e, por último, de trabalho. Preparei-me o melhor que sabia.
A 1ª aula foi um must. Não sei quem estava com mais expectativas: os alunos ou eu. Acabou por correr bem, extremamente bem!
Cada dia que passava era mais um aluno que aparecia...Bom indicador, hein?!
Com o decorrer das sessões, apurei o amor pela Arte que não mais parou. No final da componente curricular, novo desafio. Preparar os alunos para exame nacional!
Mais um desafio, mais uma conquista.
Os alunos sabiam, tinham conhecimento, e souberam aplica-lo numa situação pontual e de ansiedade, acabando por obter resultados muito acima da média a nível nacional.
Parabéns a todos eles...e a mim que, senti, superei o desfio!
A partir de então, a disciplina foi "minha". Sempre com elevado nº de alunos, cada um com a sua peculiaridade, mas todos a viajar comigo pelo tempo nas Artes.

Moral da história:
1- o critério de distribuição de serviço acabou por beneficiar todos: alunos, mea persona, escola;
2- um professor faz a diferença;
3- um "ódio" pode transformar-se em amor;
4- nunca dêem nada por adquirido.

Enquanto escrevo, já tenho um dos meus artistas favoritos em mente, William Turner, pintor romântico, e é com uma das suas obras que vos deixo.
Espero que gostem.

Fishermen at Sea, 1796

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0d/Joseph_Mallord_William_Turner_-_Fishermen_at_Sea_-_Google_Art_Project.jpg

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