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Hello darkness, my old friend

Certamente que (re)conhecem estas singelas palavras.
Muitas vezes a escuridão é a minha melhor amiga. A mais antiga, a mais fiel.
Mesmo no meio da multidão ela se manifesta. O colorido de rostos, roupas, ambientes,…, não penetra na aura negra que me envolve, como se sonâmbula fosse. Olho a direito e nada vejo. Na não-cor da escuridão não vivem astros, luz, pirilampos e afins…as espessas pestanas da mente não deixam vislumbrar qualquer brilho que possa existir em meu redor.
A multidão nada me diz. Pode tocar que nada sinto. Pode falar que nada ouço. Pode rir, chorar que não me importo. Estou só.
Quando estou só não há poesia, beleza nem harmonia. Somente uma sintonia agoniante entre os meus seres interiores. Lutas titânicas se desenrolam na aridez da escuridão. Esgotada me deixam. Prostrada me abandonam aos abutres dos desertos sem oásis.
Quero fugir e não encontro a saída do labiríntico jogo dos demónios interiores. Um devaneio em pânico que me leva a nenhures. Só, quando, completamente ensanguentada e desfeita, a mortificação me adormece.

Adormeço para não mais acordar. Os pulsos latejam com golpes profundos e, ao longe, ouve-se Hello darkness, my old friend. Tudo vira silêncio. Gratificante silêncio.


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