“Ó Stôra!”
Ouviu-se na rua. Instintivamente virei-me. Ups!...afinal não era para
mim.
Após tantos anos e de já ser avó de alguns, torna-se mecânico
responder ao chamamento.
Recordo a minha primeira aula. Ano lectivo 1992/93… Xaxus, como estava
nervosa. Apesar das psicopedagógicas e bons conselhos, na hora do toque o
estômago contraiu-se e a bílis subiu… Queria fugir e esconder-me bem
escondidinha.
Nada a fazer. O momento chegara! Respirar fundo, sorriso nos lábios e,
bora lá, para a sala de aula.
Uma multidão de miniaturas de sétimo ano esperava à porta. Olharam e
começaram a cochichar…Ai,ai, que pânico.
Entraram ordeiramente e fechei a porta. “E agora?”. A expectativa nos
olhares era avassaladora e o receio de não corresponder, enorme. Comecei por me
apresentar, bláblábláblá, e, consoante ia avançando, as borboletas estomacais
acalmaram. A descontracção passou de fingida a real e uma espécie de
cumplicidade respirava-se na sala. Dialogou-se e …”Ó Stôra?”…he,he, que
sensação.
Tocou. O tempo tinha fugido e eu sobrevivera.
O relaxar abrupto deixou-me as pernas invertebradas. Caminhei para a
Sala de Professores como se fosse um ser gelatinoso…”Olá, Stôra.” ia-se ouvindo
ao longo do trajecto. “Amandei-me” para um sofá e, enfim, voltei a mim. Acordei
do marasmo do episódio, não acreditando que o havia conseguido.
Foi assim, o início da minha carreira de “Stôra”!
Gostei e continuo a gostar de estar com os Gandalfos.
Afinal, sou uma Stôra.
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