Avançar para o conteúdo principal

Povo que lavas no rio

A ribeira vai cheia.
Bacias e alguidares cheios de roupa.
Sabão, água, sol. Ingredientes pra roupa lavada e perfumada.
Mulheres trigueiras, de mangas e saias arregaçadas. Lenço na cabeça, faces afogueadas, braços fortes e musculados.
Povo que lavas no rio, é dia de algazarra feminina.
Cantilenas animam os chapos na água.
Pedras lisas do labutar da esfrega, colocadas nas margens, personalizadas, lugar marcado.
Povo que lavas no rio, toca a trabalhar.
Esfregar, bater e pôr a roupa a corar. Roupa mais branca não há!
As crianças gritam alegremente, chapinham, acompanhando mães, irmãs, tias…
Estende aqui, ali. Em cima de giestas, alfazema, rosmaninho.
O dia vai longo, mas roupa mais branca não haverá.
A conversa animada do mulherio acompanha o labor. As risadas intercalam com os cantares vigorosos de vozes multicoloridas.
Seca. Seca ao sol mimoso, que torna alva a roupa cheirosinha.

Povo que lavas no rio, alegre e em desafio.


Comentários