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É a nossa nação potente, carago!


A televisão com paninho de renda
o estendal de cuecas ao vento
as couves do quintal no prato
o vizinho do lado barulhento
o fino e os tremoços no pires
o zé do boné da loja dos trezentos
a motoreta esganiçada
o jogo do sporting no café do Bento
o grilo na gaiola, mais a alface
a sardinha no prato e os pimentos
a galinha de barro na cozinha
o Bobi que ladra violento
o cigarrito ao canto da boca
o galo de Barcelos quase sonolento
o berro da mãe à porta do bairro
o quarto com a foto do casamento
a lavadela do carro semanal
o turista de garrafão impaciente
a lágrima ao canto do olho
Ah! a saudade e Ui! o desenrasque
Enquanto houver desta gente
por caminhos becos e calçadas
e mais os adereços que a compõem
pode ficar Portugal contente
é sinal que está vivo e se recomenda
É a nossa nação potente, carago!




(Este texto foi pensado na sequência de uma das minhas visitas à cidade do Porto. Está repleto de turistas!! Segundo os estudos, esta cidade acolhe cerca de 4500 turistas novos por dia, é alvo de uma afluência turística quase oito vezes superior ao número de moradores e este fenómeno tem motivado o afastamento dos autótones dos centros históricos e, ainda que promova o emprego, é importante que não se perca a identidade de um povo!)
Mónica Costa





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