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Mensagens

Para ti é mel!

Eu ouço, compreendo e sinto. E esta é a minha desgraça porque sou observadora de abelhas e de flores! É contigo que eu quero falar, ó abelha! E tu que passas por mim e voas e nem sabes que eu existo! É essa a tua felicidade! Eu sentada neste banquinho inofensivo, fervo por dentro por te apreciar em tão ligeiro voo. Tu que cumpres tão objetiva e concentradamente a tua missão neste planeta. Estás aqui, estás a voar de flor em flor e daí para a tua colmeia. Quantas abelhas iguais a ti já passaram por mim em seu voo sincronizado? O meu problema é este: eu vejo sentindo, tu voas sem sentir. O teu único foco é encontrar a fonte de energia que transformarás em produto útil. E és efetivamente eficaz na distribuição de tarefas. Sugas a doçura e não a beleza. Para ti, há um único problema que requer solução e para o qual há uma única opção e voas. Calculas imediatamente todas as variáveis. Número de obreiras e fontes disponíveis. Tudo bate certo! Nem Siza Vieira faria melhor! Colmeias que são a

Lugar

Lugares.  Do caminho que trilhas andando. Um semáforo em verde que te acalma e que permite a tua passagem ou um sinal vermelho que te acende por vezes. Lugares. Quem me dera ter a certeza. Uma casa. Aquela casa de janelas cor de laranja. Um jardinzito de nada que encerra todas as alegrias da terra. Quem me dera ter a certeza desse grito de mar que pintou aquela casa de verde. Em certos momentos deténs o passo. Um lugar. Quatro degraus e sobes. Uma porta da cor do mar. Noc! Noc! Uma onda com cor de porta! Só terás a certeza quando entrares. Uma sala de fogo que te acolherá.  Um dia, disseste o que é para ti engolir entre dentes cada letra F  E  L  I  C  I  D  A  D  E. Mas como a felicidade é difícil de contar!... No meio da sala uma mesa redonda. Rosa azul ao centro. Janela aberta qual semáforo verde para deixar entrar a brisa. E os dedos de sal vão desenhando os omoplatas. Percorrendo suaves, lavrando o dorso. Não tocam imediatamente, mas deixam queimar. Bafo quente… E teus olhos! M

Disciplinar faz parte da profissão?

Se procurarmos a origem etimológica da palavra vamos encontrar algo relacionado com "educação", "aprendizagem" . Assim, ser indisciplinado é ser mal educado, ser alguém que não fez aprendizagens sociais, que não cumpre as regras mínimas de cortesia. "Bom dia."...e ninguém responde. É indisciplina? É má educação? Em meu entender, ambos estão relacionados. Começa em casa e reflecte-se na escola. Os autocarros chegam, os Gandalfos saem com disposições várias, e é imediata a verborreia de asneiradas que lhes sai das boquinhas juvenis. Má educação. Nos intervalos e nos corredores, o diálogo entusiasta reduz-se a palavras grosseiras, repetitivas e redundantes, fruto da falta de alternativa vocabular. Olho, e acreditem que este meu olhar, dizem os Gandalfos que me conhecem, é suposto ser mortífero-educativo-disciplinador, levo com risinhos na cara. Não suporto! Aproximo-me e tento chamar à razão a tropa de elite do Gang da Escola .  Por vezes, fruto

Eu sei que não sabes…e ainda bem! É a tua paixão!

E ela estava ali afirmando que a paixão não procede das pessoas. Muito tenho lido eu e, então, a Agustina é do melhor! Só escreve coisas acertadas! Diz ela: - As pessoas têm de obedecer a algo para não cumprirem apenas uma vida sem impulso, daí procede a paixão! É maravilhoso ler o que alguém escreve como constatação do que a vida lhe provou.  É terrível constatarmos que percebemos a profundidade do que alguém escreveu porque a vida nos provou. E é um crime pretender alertar alguém do que a vida lhe há de provar, quando ela ainda está na fase de acreditar que a paixão procede das pessoas.  Este texto é para ti que ainda acreditas que as manhãs não são todas iguais. Foi alguém que te disse? ou descobriste por tua própria mão? Ou terá sido algum sonho que te veio e não te deixa andar tranquilo e urge confissão? Por tua própria mão não deve ter sido, ainda é cedo demais Se foi alguém que te disse, não sabe que as manhãs não são todas iguais E eu sei quem te veio descon

Falemos então de facilitismos, Sr. Costa

"Não é justo que a escola, que é a única esperança de mobilidade social para muitos, em vez de eliminar as assimetrias sociais à entrada, as reproduza ou, por vezes, as acentue." Comecemos, então.  Há aqui uma expressão que ouço muito no meu dia-a-dia profissional. "Não é justo"...  ...pois, deixe que lhe diga que, a massa mais jovem tutelada pelo Sr. Secretário de Estado, à qual o Sr. diz que a escola só pode dar esperança através da mobilidade social, usa este vocabulário quando, por exemplo, lhes refiro que o colega A, devido a dificuldades "diagnosticadas" na alínea tantas do normativo tantos, irá "beneficiar" de uma estratégia de avaliação um pouquito diferente das dos restantes colegas. Esta diferenciação, para si quiça redutora, já vem, por si só, acentuar as assimetrias dentro da minha sala de aula. Sabe, certamente, que a sala de aula é o habitáculo privilegiado da minha profissão, em seu entender espaço onde defraudo os a

mãos ao alto!

Vou-te dizer que estou quieta e rendida nesta noite que é lugar de paixão lugar - escrita de espontânea combustão Tu, lua, que me vês daí alto tiroteio e apontas a tua arma de luz e ameaças Vou-te dizer - eu estou de mãos ao alto e frágil neste alpendre que é lençol de silêncio e restinho de suavidade doce amparo Não sei se me vale de muito, mas é o único momento de contabilidade segura e faço balanços não de braços cruzados ou mãos nos bolsos eu estou de mangas arregaçadas e de frente para esta rua fui eu que a escolhi e onde tu te vieste encostar Vou-te dizer, lua feiticeira, estou quieta e nua - de nada vale a tua prepotência eu me rendo coração batendo… Mónica Costa

Era um olhar tão cheio… que sorria!

Vou-vos falar do pasmo perante um olhar que me fustigou! E era tal o pasmo! (não o dela, o meu) Era ali debaixo da oliveira que aquela mulher espantava olhar louco que, a esta distância, incendiou (e nós ansiosos por ver a loucura alheia…) Ela, assobiando com o vento, perguntava: - Que casa é esta que me escapa? - Que roupa aquela na corda não estendida? (ela tinha o presente por coisa esquecida!) Aventurei-me mais perto, mas era um olhar abençoado E de olhos a leste e vagabundos imaginava que andava para trás - a tarefa agora era desconstruir! - … e trauteava, trauteava, por entre lábios maculados uma música que a enaltecia suave (e o calor da tarde que me pesava…) Afinal não era a loucura alheia!... Era a minha vida ainda tão vazia que não a entendia debaixo daquela oliveira Eram umas mãos tão cheias de terra! E de flores um coração tão cheio! Era um olhar tão cheio… que sorria! Mónica Costa (foto de Réhahn)

Orgia Educacional e Intenção de Voto

O bacanal orgástico dura desde 2005! Já se assemelha ao sexo tântrico que exige treino específico e vontade de prazeres apurados. O meu patrão tem andado bem atarefado com produções lexicais, qual Hidra neo-moderna, cuja utilidade é nula. Até cerca de 2005, eu sabia-me orientar pelas papeladas e pedagogias teóricas, sedimentadas pela experiência. Presentemente, ando baralhada, não me apetece especialmente destrinçar as mensagens codificadas do que querem que eu faça. Do pouco que vou apurando, e sempre fruto de uma necessidade específica, concluo que nada de novo se impõe.  Minto!...impõe-se uma retórica mística de blábláblá redundante que me obriga a "formalizar" práticas, já as posso adjectivar de ancestrais, em papel, papelinhos, papeluchos e afins, cujo último reduto será o Papelão. Abençoada celulose! Essa gente, vestida de peles bem curtidas, barba longa (estudos actuais comprovam que possivelmente são foco intenso de bicharada!), cabelos ensebados, perdão, molda

Ó António, pede-lhe namoro!

Nome fictício, não se enganem! Tocou. A rapaziada aproxima-se da sala de forma ruidosa e enérgica. Penso que as Feiras e as Bolsas de Mercadores já pouco lhes interessará...mas o ano ainda não terminou nem o sacrossanto programa! Amén. Suspiro, preparando-me para a avalanche de vida que entrará, em escassos segundos, na minha sala. Penso na semana que se arrasta, interminável. Nas hormonas que florescem neste clima propício. No calor que abrasa os ambientes, com cheiro a férias...ainda distantes, mas que saboreio em antecipação.  Recebo uns 20 "Olá, stôra!", aos quais vou respondendo, sorrindo de forma mecânica. A coisa demora...Como digo, está calor, os amores andam pelos ares... Chamo a atenção de que está na altura de se acalmarem. Bora lá,..."Na última aula..." e por aí fora. Uns pretendem manter-se actualizados. Outros querem saber de tudo o que se passa, menos o que já foi escrito, virando matéria. Outros, embrenhados em olhares lânguidos ou envergon