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Era um olhar tão cheio… que sorria!

Vou-vos falar do pasmo
perante um olhar que me fustigou!
E era tal o pasmo! (não o dela, o meu)

Era ali debaixo da oliveira
que aquela mulher espantava
olhar louco que, a esta distância, incendiou
(e nós ansiosos por ver a loucura alheia…)

Ela, assobiando com o vento, perguntava:
- Que casa é esta que me escapa?
- Que roupa aquela na corda não estendida?
(ela tinha o presente por coisa esquecida!)

Aventurei-me mais perto, mas era um olhar abençoado
E de olhos a leste e vagabundos
imaginava que andava para trás
- a tarefa agora era desconstruir! -
… e trauteava, trauteava, por entre lábios maculados
uma música que a enaltecia suave
(e o calor da tarde que me pesava…)

Afinal não era a loucura alheia!...
Era a minha vida ainda tão vazia
que não a entendia debaixo daquela oliveira
Eram umas mãos tão cheias de terra!
E de flores um coração tão cheio!
Era um olhar tão cheio… que sorria!

Mónica Costa
(foto de Réhahn)




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