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Ó António, pede-lhe namoro!


Nome fictício, não se enganem!
Tocou. A rapaziada aproxima-se da sala de forma ruidosa e enérgica. Penso que as Feiras e as Bolsas de Mercadores já pouco lhes interessará...mas o ano ainda não terminou nem o sacrossanto programa! Amén.
Suspiro, preparando-me para a avalanche de vida que entrará, em escassos segundos, na minha sala. Penso na semana que se arrasta, interminável. Nas hormonas que florescem neste clima propício. No calor que abrasa os ambientes, com cheiro a férias...ainda distantes, mas que saboreio em antecipação. 
Recebo uns 20 "Olá, stôra!", aos quais vou respondendo, sorrindo de forma mecânica. A coisa demora...Como digo, está calor, os amores andam pelos ares...
Chamo a atenção de que está na altura de se acalmarem. Bora lá,..."Na última aula..." e por aí fora. Uns pretendem manter-se actualizados. Outros querem saber de tudo o que se passa, menos o que já foi escrito, virando matéria. Outros, embrenhados em olhares lânguidos ou envergonhados, miram-se mutuamente, num ritual de Disney princesa-príncipe e vice-versa. Ahhhhhhhh, juventude!
Pára! Stop!
Discurso.
"Rapaziada já falta pouco. Reta final para aprumar a vossa prestação. Convençam-me que merecem uma nota, "a" nota. Último esforço, s.f.f. and so on".
No entanto, começo a ficar sem paciência pedagógica e, como humana em vias de exaustão, viro-me para A, apontando para B, "Ó António, tanta paixão. Pede-lhe namoro e acabemos com a história!". Risadas, várias tonalidades de vermelho e a certeza de que matei os amores no que resta de aula. Que crueldade!
Toca.
As risadas ainda se ouvem pelos corredores. Sorrio. Não é fácil coordenadar toda esta avalanche de emoções. Quem não as recorda?! ...e verdade seja dita: nem eu já tenho pachorra para a matéria e a sala de aula.
Segue-se outra turma, outros alunos, mantendo, porém, a certeza que, também a estes terei de acalmar as hormonas primaveris. Poderá não ser o António mas, certamente, será uma Maria!



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