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esperar que a porta se abra

Ainda me lembro do tal dia 7 de março. Acho que a primeira palavra que surgia era epidemia. Andava eu maravilhada, passeando descontraída sem me ter apercebido que uma pandemia estava prestes a estalar. 2020. Era o início duma nova fase. Ficará para a história a forma como o mundo mudou. Mudou aos bocadinhos cada um de nós em particular, ajudando a arquitetar a mudança a nível mundial. Mas será que foi mudança para melhor? De lá para cá, muita coisa se passou e muito eu descobri! Muito mais que uma pandemia, foi um pandemónio, para mim. Mesmo sem nunca ter ficado infetada. Não morreu ninguém das minhas relações. Ninguém ficou muito mal com este flagelo e eu própria consegui contornar as imposições ao meu espírito livre. Mas acreditei. Acreditei de forma ingénua. Acreditei que as pessoas podiam finalmente aperceber-se do mais maravilhoso e simples que há neste mundo. A liberdade, por exemplo. O amor e a fraternidade. O não egoísmo. Não aprendemos nada! A guerra estalou. Continuamos sem perceber como é simples sermos felizes. Continua a ser difícil entender como basta sermos felizes, sem querermos ser mais felizes que o outro ou termos o que o outro tem. Continuamos numa competição. Nada aprendemos. Não conseguimos um entendimento e nem sempre a comunicação entre nós é possível.

Depois de tantos meses passados, desde aquele 7 de março de 2020, aqui estou eu. Nunca tinha sido infetada e agora aqui estou eu enclausurada num quarto que decorei só para mim, à espera que o bicho acabe de morder. Acho que só me faltava esta… Alguns dirão, felizes, que a lei do retorno é eficaz. Pois é! Só me resta, entretanto, esperar que a porta se abra e que tudo corra pelo melhor…




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