Perdeu-se! E a culpa foi da máquina de costura! Criatura quase esquelética, sempre fechada em sítio de silêncio e amargura, de olhos colados em tecido de fibra sintética, os dedos minuciosos apesar das artroses e os pés sempre atentos – triste figura! Era de uma coordenação exímia, de um alinhamento perfeito. A espinha curvada em assento duro e, depois de dado o aval ao calcador, era só contar 1, 2, 3, e partida segura em tttttttt frenético!!!! Um barulho de agulhas e pedais que se estendiam pela ruela acima. Picava a agulha e ía tecendo o seu caminho em ziguezague de três pontos como assinatura, mas com receio de perfurar os dedos escandalosamente minuciosos naquela maquinaria fina e obscura. Que visão imponente e trágica! Uma vida inteira a compor pedaços de dias e bocados de momentos dos outros num trabalho de teimoso patchwork ! Nunca lhe tinha passado pela cabeça agir, costurar noutro instrumento rudimentar tão eficaz e trágico tão fiel a esta máquina de
Algo que interessa ou não... Não sou única nem diferente... Gosto de desanuviar e, quem quiser desanuviar comigo, é bem vindo.