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Mensagens

Flor

Flor não é nome meu. Flor é o meu ser. Bela, vermelho acetinado, qual gota de sangue. Ao anoitecer, aconchego-me numa concha intimista, quente e envolvente. Ao amanhecer, desabrocho ao sabor do sol,  embriagada pela carícia suave de lábios etéreos. Um sopro leve e danço ao som de colibris multicoloridos. Flor não é nome meu. Flor é o meu ser. Espreguiço-me, bamboleando nas gotas de água pura que me banham o ser. Vivo, abraçando toda a seiva que me percorre as veias. Sou bela, vermelho acetinado. Flor não é nome meu. Flor é o meu ser. Murcho, num ciclo que termina. As pétalas vão caindo, caindo, caindo,... Sei que vivi em pleno. Parto para o jardim de flores. Jardim de encontros e reencontros. Flor foi o meu ser. Helena Goulão

Mobilidade por Doença

" O Ministério da Educação reconhece a necessidade de proteção e apoio aos docentes em situações de doença, quer do próprio quer do cônjuge, ou da pessoa que com ele viva em união de facto, descendente ou ascendente que estejam a seu cargo. " Este é um dos excertos consignados no Despacho 9004-A/2016, de 13 de Julho. Tenho a dizer que este é um dos reconhecimentos do ME que não me suscita qualquer dissabor. O que está em causa são situações tremendas, tristes, por vezes, apocalípticas, de vida que, só quem as vive as poderá sentir na sua dimensão. Falo em sentir porque, certamente, não há palavras descritivas para muitas delas. Assim, considero mesquinho muitos comentários que se vão lendo pelas redes sociais quanto à MPD e, já agora, a situações por atestado médico prolongado. Se algo têm em contrário, façam-no nas instâncias devidas. É um direito que nos assiste! " 12 - Por decisão da entidade competente, os docentes a quem seja autorizada a mobilidade por do

E, como é coisa fria, pensei ser o melhor local para afixar um lembrete a quente

Cores verdadeiras, de preferência primárias Viagens de longo curso Aves de rapina, de força Toques de beleza Flores, muitas flores em anúncio Bandas de música a desfilar pelas veias Leituras e teatro a rodos Relva para refrescar os pés Falinhas mansas em mantinha peluda Um sol cansado de tanto brilhar Uma areia quente Luta e energia suficiente Rasgos de coragem e de saudade Um frio amargo e um travo doce ... e sempre as nuvens que restam daquele dia… Não esquecer Viver! (Normalmente, os post-its que figuram na porta do meu frigorífico são amarelinhos da cor do sol e começam assim: «Não esquecer!». E logo a seguir vem uma lista que vai aumentando à medida que a semana decorre: iogurtes, pão, cereais, detergentes, cebolas, pimenta e mais não sei o quê… Hoje coloquei um post-it na porta do meu frigorífico. E, como é coisa fria, pensei ser o melhor local para afixar um lembrete a quente. Hoje, lembrei-me de adequar a lista à cor amarelinha do dito papelucho. É l

Aprendizagens da Vida

Não há aprendizagens mais eficazes que as da Vida. A Escola não pode, nem consegue, ser uma Instituição de Solidariedade Social em que, em nome da desigual igualdade de oportunidades, se assassina a aquisição de ferramentas essenciais para um percurso de Vida salutar. Falo do ler, do escrever, do contar, do pensar, do criar. São a base! Essa base há muito que vem sendo desmantelada com reformas educativas com preâmbulos lindos de se ler mas que, ao longo dos seus artigos, inibe qualquer perspectiva de alcançar o objectivo Disney. Como posso, enquanto profissional, encarregada de educação e cidadã ser conivente com tal? A resposta é: não posso! Agora que algo descongelou vou ter, certamente, problemas em ser "avaliada"... Sempre adequei estas reformas à matéria-prima que tinha entre mãos e ao meu entendimento de sucesso. O sucesso nem sempre é sinónimo de níveis 5 ou classificações de 20. O sucesso é teres um início em que te apercebes da garotada que tens entre mão

F E C H A D O

vou pela rua fora estranhando o fecho de todas as lojas letreiro nas portas fixado um nome exato F E C H A D O nome peremptório que põe tudo parado e que anula qualquer ilusão! Mónica Costa

Porquê culpá-la de todo o mal?

Talvez só hoje por já ser tarde e porque o dia quis que ficasse aqui parado tenha olhado para essa tua mão mais os seus cinco dedos adjuntos. É mão que empurra, estremece o mais forte pelas vitórias que paulatinamente vamos conseguindo mas também sei por que razão é mão que puxa, agarra o estilhaçado pela desgraça que surge por vezes num sopro vago! Porquê culpá-la de todo o mal se é ela que nos salva na maioria dos casos? O que dizer da coragem do seu indicador que quando convidado a recolher se põe altivo e severo contra o impostor? E o que dizer do pobre mindinho quase sempre desprezado por ter nascido pequenino e mesmo assim cisma em aparecer? E que tal falar do anelar singelamente moldado pela pesada aliança que promete a felicidade! Ou do afã do polegar que virou escravo neste tempo de teclas que nos ilude em conectividade! Já para não acabar com o dedo do meio que mantém a dignidade de quem quer ser rafeiro Neste mundo de cães de raça! Mónica Costa (f

Para ti é mel!

Eu ouço, compreendo e sinto. E esta é a minha desgraça porque sou observadora de abelhas e de flores! É contigo que eu quero falar, ó abelha! E tu que passas por mim e voas e nem sabes que eu existo! É essa a tua felicidade! Eu sentada neste banquinho inofensivo, fervo por dentro por te apreciar em tão ligeiro voo. Tu que cumpres tão objetiva e concentradamente a tua missão neste planeta. Estás aqui, estás a voar de flor em flor e daí para a tua colmeia. Quantas abelhas iguais a ti já passaram por mim em seu voo sincronizado? O meu problema é este: eu vejo sentindo, tu voas sem sentir. O teu único foco é encontrar a fonte de energia que transformarás em produto útil. E és efetivamente eficaz na distribuição de tarefas. Sugas a doçura e não a beleza. Para ti, há um único problema que requer solução e para o qual há uma única opção e voas. Calculas imediatamente todas as variáveis. Número de obreiras e fontes disponíveis. Tudo bate certo! Nem Siza Vieira faria melhor! Colmeias que são a

Lugar

Lugares.  Do caminho que trilhas andando. Um semáforo em verde que te acalma e que permite a tua passagem ou um sinal vermelho que te acende por vezes. Lugares. Quem me dera ter a certeza. Uma casa. Aquela casa de janelas cor de laranja. Um jardinzito de nada que encerra todas as alegrias da terra. Quem me dera ter a certeza desse grito de mar que pintou aquela casa de verde. Em certos momentos deténs o passo. Um lugar. Quatro degraus e sobes. Uma porta da cor do mar. Noc! Noc! Uma onda com cor de porta! Só terás a certeza quando entrares. Uma sala de fogo que te acolherá.  Um dia, disseste o que é para ti engolir entre dentes cada letra F  E  L  I  C  I  D  A  D  E. Mas como a felicidade é difícil de contar!... No meio da sala uma mesa redonda. Rosa azul ao centro. Janela aberta qual semáforo verde para deixar entrar a brisa. E os dedos de sal vão desenhando os omoplatas. Percorrendo suaves, lavrando o dorso. Não tocam imediatamente, mas deixam queimar. Bafo quente… E teus olhos! M

Disciplinar faz parte da profissão?

Se procurarmos a origem etimológica da palavra vamos encontrar algo relacionado com "educação", "aprendizagem" . Assim, ser indisciplinado é ser mal educado, ser alguém que não fez aprendizagens sociais, que não cumpre as regras mínimas de cortesia. "Bom dia."...e ninguém responde. É indisciplina? É má educação? Em meu entender, ambos estão relacionados. Começa em casa e reflecte-se na escola. Os autocarros chegam, os Gandalfos saem com disposições várias, e é imediata a verborreia de asneiradas que lhes sai das boquinhas juvenis. Má educação. Nos intervalos e nos corredores, o diálogo entusiasta reduz-se a palavras grosseiras, repetitivas e redundantes, fruto da falta de alternativa vocabular. Olho, e acreditem que este meu olhar, dizem os Gandalfos que me conhecem, é suposto ser mortífero-educativo-disciplinador, levo com risinhos na cara. Não suporto! Aproximo-me e tento chamar à razão a tropa de elite do Gang da Escola .  Por vezes, fruto