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Porquê culpá-la de todo o mal?

Talvez só hoje por já ser tarde
e porque o dia quis que ficasse aqui parado
tenha olhado para essa tua mão
mais os seus cinco dedos adjuntos.
É mão que empurra, estremece o mais forte
pelas vitórias que paulatinamente vamos conseguindo
mas também sei por que razão
é mão que puxa, agarra o estilhaçado
pela desgraça que surge por vezes num sopro vago!

Porquê culpá-la de todo o mal
se é ela que nos salva na maioria dos casos?

O que dizer da coragem do seu indicador
que quando convidado a recolher
se põe altivo e severo contra o impostor?
E o que dizer do pobre mindinho quase sempre desprezado
por ter nascido pequenino
e mesmo assim cisma em aparecer?
E que tal falar do anelar singelamente moldado
pela pesada aliança que promete a felicidade!
Ou do afã do polegar que virou escravo
neste tempo de teclas que nos ilude em conectividade!
Já para não acabar com o dedo do meio
que mantém a dignidade de quem quer ser rafeiro
Neste mundo de cães de raça!

Mónica Costa
(foto de António Tedim)


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