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Aprendizagens da Vida

Não há aprendizagens mais eficazes que as da Vida.
A Escola não pode, nem consegue, ser uma Instituição de Solidariedade Social em que, em nome da desigual igualdade de oportunidades, se assassina a aquisição de ferramentas essenciais para um percurso de Vida salutar. Falo do ler, do escrever, do contar, do pensar, do criar. São a base!
Essa base há muito que vem sendo desmantelada com reformas educativas com preâmbulos lindos de se ler mas que, ao longo dos seus artigos, inibe qualquer perspectiva de alcançar o objectivo Disney.
Como posso, enquanto profissional, encarregada de educação e cidadã ser conivente com tal?
A resposta é: não posso!
Agora que algo descongelou vou ter, certamente, problemas em ser "avaliada"... Sempre adequei estas reformas à matéria-prima que tinha entre mãos e ao meu entendimento de sucesso. O sucesso nem sempre é sinónimo de níveis 5 ou classificações de 20. O sucesso é teres um início em que te apercebes da garotada que tens entre mãos, dos seus problemas e dificuldades and so on, que vais trabalhando ao longo do(s) ano(s). No final, independentemente dos níveis/classificações, se obtiveres um "Obrigada" alcançaste o sucesso. Não numa perspectiva megalómana de 100%, género João Costa, mas numa perspectiva possível nas tão variadas realidades que enfrentaste e que estimulaste para o Crescer. Esta não é uma mera abordagem espiritual... Os conhecimentos académicos só poderão ser apreendidos após estabeleceres uma relação com os alunos. E cada aluno tem um mundo seu, que terás de enauqdara no mundo global. Tudo isto em sala de aula, nos corredores, nos intervalos,...
A Vida é asssim!
De uma forma simplista, porquê complicar, não podes ser bom colega de trabalho, se não te integrares no grupo. Não podes ser boa mãe, se não te envolveres na vivência dos filhos. Não podes ser bom cidadão, se não entenderes e compreenderes as regras sociais. O que nos torna "bons" é exactamente as ferramentas de que dispões para enfrentares o que a Vida te dá. Pode ser um problema, um obstáculo, uma alegria, um desafio.
Não lamento nada do que fiz. Bem, talvez em tom jocoso, poderei dizer que me arrependo de todas as "negas" que dei até cerca do ano de 2000...Pensando assim, lá se foi a igualdade de oportunidades.
Os Gandalfos fizeram-se Gente e andam por aí...Nenhum apresenta sinais de trauma e joga na Vida com as ferramentas que a Escola lhes forneceu. 
Como posso falar de inclusão, outra das grandes bandeiras ocas, se a mesma não prepara alunos com determinadas deficiências e/ou dificuldades mas exclusivamente nivela e escamoteia o sucesso educativo à JC? Basta recordares aluno X, Y, ..., ou andar pelas redes sociais e não te sentes só nesta reflexão. Alunos que, em nome da inclusão, não têm o apoio específico de que realmente necessitam para adquirir as tais ferramentas da Vida. Lembro-me, pois já foi há muito tempo, literalmente no século passado, da minha amiga surda que frequentára um colégio em Portalegre para Surdos. Nunca vi pessoa tão despachada, desinibida e alegre. Falávamos e contávamos anedotas!...Ela estava mais que equipada para a Vida.  Emigrou. Casou. Teve filhos. Poderá dizer-se o mesmo na actualidade?
Um dos grandes problemas das sociedades actuais, devidamente "estudados" e ciclicamente abordados (depende da intenção informativa) são as questões mentais e emocionais. Como pode a Escola gerir estas situações? Certamente não será por Decreto! Cada Escola gere estas variáveis mediante o staff profissional que tem. E, neste momento, em que o próprio staff está sob bombardeamento social e governamental, não creio ser fácil implementar seja o que for. A Vida é assim!
Em casa tento passar as ferramentas que a descendência, eventualmente, necessitará para a Vida. O mesmo faço na Escola, pelos filhos dos outros. Enquanto não me provarem que estou errada, continuarei a nortear a minha postura na Escola pelos ensinamentos que a Vida me deu.
Helena Goulão






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