Pois, pois, à janela… com grande angústia, a assistir à passagem acelerada da sua vida monótona e dos carros e dos camiões, barulho ensurdecedor das motoretas que já nem ouve. Esta velha pariu cinco filhos. No tempo em que ter cinco filhos era coisa de coragem. Agora, não tem ninguém que tenha coragem a não ser eu própria que a vejo todos os dias. E há já muito tempo que eu costumo reparar naquela velha à janela. Todos os dias, ao levantar-se às seis, vai religiosamente à janela ver se ali continua a manhã. E a manhã tem estado lá sempre. Ainda não chegou o fim (e respira de alívio!). E eu vejo-te daqui deste alpendre. Nunca te vou visitar porque não posso. Tenho coragem, mas não tenho tempo. Sei que vives sozinha, mas eu não posso! Tenho o meu tempo tomado por completo. Agora que te vejo daqui, consigo adivinhar essas tuas faces rosadas e luzidias de há largos anos assim como uns ombros largos que se prolongariam por braços espantosos, assim como uma boca deliciosa e uns peitos dig
Algo que interessa ou não... Não sou única nem diferente... Gosto de desanuviar e, quem quiser desanuviar comigo, é bem vindo.