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Acredita!

Há uma certa melancolia, qualquer coisa de despedida… quando finda um ano! O sentimento da não duração. Uma espécie de resignação, um abatimento, um balanço mal engendrado do ter e haver, uma certa subtração…Há um abotoar do casaco e um enfiar de mãos nos bolsos. Há mesmo quem procure, como único refúgio, os ditames de um horóscopo favorável que transforme o ano seguinte numa possível segunda oportunidade… algo a dizer-nos «falhaste! tenta outra vez» e é como se adquiríssemos pós mágicos que transformam a vida num ciclo recomeçado, mas sem medo.
Séneca dizia «Onde não há esperança, não há medo.». Portanto, tenhamos medo!  Há uma certa alegria, qualquer coisa de mágico… quando se inicia um novo ano! Uma esperança na mudança para que nos aperfeiçoemos, coragem para assumir o inesperado, o inédito, a surpresa, o novo olhar sobre as coisas e as pessoas. Só a capacidade de pensarmos que aquilo que aí vem vai ser muito melhor do que aquilo que já passou, é vida! Sermos capazes de uma viagem marcada pelo percurso e não pelo ponto de chegada. Como dizia alguém: 365 oportunidades nos esperam daqui para a frente. No ano findo cabem muitos dias, todos os que ficam para trás moribundos. Querer guardá-los é como querer guardar um punhado de água na mão. Mas no ano - esperança cabem todos os dias que estão à nossa frente cheios de vontade e imbuídos de um querer muito. O ano seguinte parece a mãe que, carinhosamente, diz ao filho que acabou de cair «Pronto, já passou!». O ano que aí vem é um consolo, é esforço deliberado, o lento desenrolar das virtudes e a morte lenta dos azedumes. Ano novo é querer responder àqueles que não nos pedem o impossível. É estar disposto a caminhar, é estar disposto a ouvir as vozes dos outros que aí vêm em expetativa e que aqui estão em presença física e espiritual e estar disponível para ouvir o silêncio que brota de dentro de nós e da natureza que nos limpa!! É como se adquiríssemos pós mágicos que transformam a vida numa aventura recomeçada, sempre com a dose certa de medo à mistura… numa espécie de subsídio de paz!

Mónica Costa
(foto de Patrick Thun)








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