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natal 3

Estava a caixa encostada atrás da porta há um ano. Tanto pó! E tu a protestares! Havia já uma considerável camada de pó. Lá dentro um pinheirito de plástico todo encolhido. Foste lá buscá-lo para quê? É todos os anos a mesma coisa. Já sabes o que te vai acontecer... Tiras o pinheiro da caixa cuidadosamente e ficas esticando nervosamente as hastes verdes para cima e para baixo para dar corpulência ao pinheiro raquítico. De repente, reparas que o pinheiro está torto e não se endireita, falta-lhe uma das partes do tripé. Não pode ser! Comprar outro está fora de questão! E tu a protestares! Portanto, vai-se à dispensa e traz-se o escadote. Colocas-te no cimo da escadaria e arrebitas o nariz para cima da prateleira mais alta onde existem umas ripas de madeira que poderão servir de pé disfarçado para esta árvore que todos os anos dá sinais de fraqueza. Esticas-te um pouco mais e… caíste? Oh, não! Está tudo bem? Sempre o mesmo! Sempre aos tombos! Não tinhas prometido que ias melhorar quanto a essa questão dos tombos? E tu sempre a protestares! Pareces a árvore de natal cambaleante!
Arrastas-te que nem lesma e compões a árvore! Está direita, finalmente! Agora colocas-lhe luzes em cima e ficas, pasmado, a olhar para aquilo tudo a piscar. Convém escolher o sítio mais jeitoso da sala para que o pisca-pisca se transforme no centro das atenções. Não te esqueças! Agora, não és tu o centro das atenções. Olha à tua volta e repara!
Está a chegar… já reparaste? 
Está a chegar a mais cruel época do ano! 
Estás preparado para aguentar com o que aí vem, mais uma vez? 
Estás disposto a deixar de ser o centro das atenções?

Mónica Costa
(Noite estrelada de Vincent Van Gogh)



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