são tantos os fios
os fios poderosos do tédio dos dias
os fios invisíveis que nos prendem
os fios que nos humilham, nos envergonham, nos tolhem
os fios que nos impingem
mas ainda bem que há mecanismos infalíveis que cortam todos estes fios:
as fugas e aquilo que se adivinha precioso
os nascimentos que nos emocionam,
as mortes que aceitamos como necessárias
e as ressurreições inesperadas
a novidade, o que se anuncia arrebatadamente
as luas espantadas que surgem sem mais nem menos
a defesa das urgências de agarrar um momento
os lugares onde fomos felizes
as viagens que ainda não fizemos
as palavras como pontes que unem margens
as decisões que fazem avançar o mundo
a gratidão de viver mais um dia em liberdade
(obra de Fabiana Zamuner in https://www2.jornalcruzeiro.com.br/materia/719131/intervencao-artistica-traz-delicadeza-a-cidade)
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