Há uma monotonia que nos assiste todos os dias. Uma rotina que nos desconstrói. E, no entanto, quem nos garante que, se nos mudassem as rotinas de todos os dias, nos sentiríamos mais felizes? É e deste paradoxo que nos alimentamos. Todos os dias sem exceção, por rotina ou por prazer. Todos nós, todos os dias, temos momentos, vários momentos de autómatos, levantamo-nos e deitamo-nos em modo de estátuas. E passamos os vários minutos do dia e da noite na eterna questão: Acordei para a vida ou permaneci em dormitório ambulante?
Não há frio na barriga, nem pele de galinha, não há friozinho nem calorzinho que nos chegue, somos feitos de trabalho. E isso chega para nos desconcentrarmos enquanto seres «vivos». Não queremos complicações nem argumentações, pois receamos o esforço da contra argumentação ou, então, (pior!) desconfiamos do interlocutor, poderá não estar à altura da minha passividade que corrói que, afinal, também é a dele. Somos uns seres apáticos por natureza. Gostamos de dias sem altos nem baixos, tudo em linha contínua e ténue. Não destruímos mas também não construímos. Temos tudo programado. Saíste da tua zona de conforto? E agora?!! Sentes que é melhor não te mexeres pois podes cair no ridículo de perceberem que também choras quando assim tem de ser. Não fomos programados para a emoção, para o relaxe, para o fazer sem sentido só porque sim. E, um dia, vamos escrever assim: «Desta vez perdi - Dias iguais perseguem-me - Eu bem pergunto, mas, por ironia - Não acho interlocutor!...».
Mónica Costa
(pintura de Marcos Beccari)
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