Avançar para o conteúdo principal

Elo

Escorreguei nua para o mundo
colada minha pele com a pele da minha mãe
e pequenina fui crescendo pela pele da minha mãe acima
depois nua acolhi nova vida
colada minha pele com a pele dos meus filhos
e pequeninos e frágeis vão crescendo também pela minha pele acima
É este o desígnio!
Prende-me à Vida um elo forte que alimenta gerações
Sinto-me  corpo inundado de pedaços de ti e de ti e de ti
Ando pobre por fora mas rica por dentro
Ando pensando que não em mim!
Aqui estou eu, agora, desnudada,
metade de mim filha, a outra metade de mim mãe
Saltam da minha boca palavras com carne e palavras de sangue com sangue
que sustentam a ternura
Lábios de filha prontos para beijos mansos e ternos em pele enrugada
ou lábios de mãe para beijos tontos e repenicados em pele jovem e lisa
Um braço amparando a fragilidade
e o outro a controlar a pujança e a rebeldia
Cabem no meu colo o corpo débil e mole da minha mãe
o corpo cada vez mais musculado do meu rapaz gigante
e o corpo elegante e harmonioso da minha mulher bela que ajudo a crescer
Tenho cheios os olhos molhados de ternura
E vibra no meu peito um coração cada vez maior e mais apertado
E ganho todos os dias pernas rijas para seguir em frente
por caminhos onde nada me detém,  seguindo rigorosa e atenta
Aqui me  têm, meus filhos e minha mãe, como Mulher
enriquecida pela força maior que é o Amor de Mãe!

Mónica Costa



Comentários