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Ainda sobre a Eurovisão

Antes da world wide web e da internet globalizada, para quem trabalhava fora do seu país, a Eurovisão era um dos momentos altos de reencontro com a pátria.
Recordo os momentos, a preto e branco, em frente ao ecrã em que se seguia, entusiasticamente, o desfile de canções e se expectava a representação portuguesa.
Sabíamos que nunca ganharíamos.
Era um acontecimento musical mas igualmente político. À altura, por norma, estávamos habituados a que uma Alemanha, uma Grã-Bretanha, uma França ganhasse. Mas que era sempre uma festa ouvir a língua portuguesa, ai isso, era.
Ao longo dos tempos, e com o desmoronamento do “mundo comunista”, a Eurovisão aqueceu e habituamo-nos ao evento musical de “eu voto no meu vizinho e tu votas em mim”. Nada de especial e as votações deslocaram-se para leste. O ocidente, independentemente da “qualidade” das suas canções, ficava off-board.
Esta tendência foi-se esbatendo. Mudam-se os tempos. Mudam-se as vontades. Mudam-se os gostos. Introduz-se o voto do público…
Que houve alterações, houve!
Serve esta resenha, quiçá simplista, para ilustrar que a Eurovisão não é uma competição de música de elite, de gosto individual, de estereótipo de “boa música”, de…sei lá. A Eurovisão é uma apresentação de canções várias em representação de países europeus, e não só num desfile de notas de glamour em que não está propriamente em causa a cultura musical mas sim o show televisivo.
Se queres algo para te encher a alma e o coração, compras bilhete para um concerto do teu canto ou banda de eleição.
Num ano pode ser um Salvador Sobral a vencer. Parabéns!
Noutro ano pode ser uma Netta. Parabéns!


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