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Saúde Mental?

É ironia, coincidência ou mesmo assim...quando vais comprar umas couves no mercadozinho do bairro e encontras um panfleto alusivo ao Dia Mundial da Saúde Mental 2017, 10 de Outubro?

O mesmo era  promovido pela ULSNE, Unidade Local de Saúde do Nordeste, e pelo projecto Saúde Escolar.

«A OMS define saúde mental como: "O estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere."»

Não pretendo depreciar estas iniciativas, nada disso. Somente destacar algumas ideias blasée que zumbem neste cérebro doente (ou doentio?...estou confusa).

Pela citação do panfleto, e fiquemos por Portugal, constato que o país sofre de doença mental.
É a ausência de pequenas coisas, género "bom dia", "desculpe", "(muito) obrigada", "faz favor", acompanhado por um sorriso delicado, quando nos movimentamos pelas estruturas sociais.
É o olhar desfocado, por vezes, concentrado na biqueira do sapato, ou o olhar invisível do pessoal com o qual nos cruzamos.
É a falsa alegria que transparece nas interacções, muitas vezes forçadas pelos imperativos de trabalho ou pelo simples facto de não se querer ser "mal educado".
É a tristeza desenhada em rostos vários, desprevenidos ou momentaneamente distraídos, sem filtro nem formatação.
É a rabujice generalizada de quem fica impaciente, numa fracção de segundos, porque não foi atendido, não foi entendido à primeira, não conseguiu o que queria, não, não, não, não,...
Creio que o "não",  é sintomático de que vivemos tempos em que a incerteza e a instabilidade geram fragilidades sociais que condicionam uma vida produtiva e frutífera.
O stress normal da vida, e aqui considero a adrenalina salutar como força motriz de evolução e resolução, é o dia-a-dia em que se enfrentam desafios e se saltam obstáculos de forma que apraz o ego, que nos realiza, que nos convence da invencibilidade das nossas capacidades. You can do it!...slogan tão badalado.
A sociedade dita do "bem-estar" organizou-se em torno de estruturas basilares como a educação, a saúde, apoios sociais assentes em garantias governamentais,..., que, à partida, geram trabalho e nos permitem contribuir para a comunidade.
À partida...porque à chegada, o desafio diário é sair de casa e regressar são e salvo ao habitáculo onde não temos de mentir nem de interpretar personagens estereotipadas (ups... já me ia esquecendo...não contabilizemos as vivências em famílias disfuncionais!!).
Mas isto sou eu a vaguear por aí, por aqui,...
Claro que há sempre excepções...e ainda bem!

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