Pacífico vs Passivo

Somos pacíficos  ou passivos?
Pacífico, tolerante, amante da paz versus passivo, inerte, sem vontade própria.
Dizem que somos um povo de brandos costumes, logo pacíficos. Não sei se concorde com esta conotação...
Para se ser pacífico tem de se ter noção do que nos rodeia, fazer a leitura individual ou colectiva do que é e, em conformidade opinativa, argumentar em prol de algo respeitando a opinião de outrem, refutando ou concordando construtivamente com o objectivo de alcançar uma conclusão.
Passivo, dispensa qualquer atitude e pensamento, por não se coadunar com qualquer tipo de acção. É muito mais simples ser passivo. Esquiva a intrincada tarefa de tomar uma posição, de dialogar, de agir e assumir consequências.
Portanto, se me dizem que sou de brandos costumes, parto do princípio que já analisei algo e que, de forma ponderada, tomei uma posição a priori não violenta e assertiva. Podem discordar, estão no vosso direito, mas após vivências várias, creio que somos, essencialmente, passivos.
Gostamos de discutir na tasquinha, na salinha, nos encontrozinhos de amigos, acaloradamente e com paixão, mas, se chamados à acção, invade-nos aquela sensação derrotista do "para quê?", "porque me hei-de chatear e cansar com algo que não tem remédio?".
O Sistema é mesmo assim!
Facilmente apontamos o dedo ao Sistema, esquecendo que somos nós que o definimos. Parece que "ele" é algo de inatingível, longe do alcance do comum dos mortais...
É muito mais fácil,  sempre mais cómodo, aguardar, cruzar os braços numa atitude de fatalidade secular. É um consolo saber, antecipadamente, que os dados estão lançados e que a malta tem o que merece..."Eu não te dizia?".
Ser pacífico demonstra VONTADE.
Ser passivo denota APATIA.

O Túnel