Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

mesas para dois

Gosto particularmente de me escrever na segunda pessoa do singular porque é aquele singular que rejeita a solidão num teimoso sabor a dois É um tu que me abarca e te abraça como se nos conjugássemos na primeiríssima pessoa do plural.

Ó vida simples!

Um cantinho a norte que é a tua morada.  Ó vida simples! Prossegue. Vem, senta-te, ouve e fica.

É o Mar!

 Não tem nada que saber. É o Mar! Vais lá, aprecias, olhas e vês. É o Mar! Usufruis. Respiras. Cantarolas. É o Mar! Há sol. Há vento. Há pôr do sol. Há estrelas. É o Mar! Páras. Apontas. Sorris. É o Mar! É o Mar! Magnífico. Imenso. É meu. É teu. É nosso. Vais lá, limpas, não sujas. Respeitas! É o Mar! Quando regressas, podes dizer: -Esmerei-me! É o Mar! É o Mar! E podes sempre voltar!

- Cheira-me que vou gostar!

  - Cheira-me que vou gostar! –  é sempre assim que penso quando piso este pé fora da porta que me leva à rua porque as paisagens respiram,  os muros falam e murmura a lua andam, como eu, os pássaros cansados mas felizes de tanto voar Os raios de sol, como eu, tão confusos Há portas que se fecham, estreitam-se ruas mas há sempre avenidas que se alargam,  árvores que se exibem e bancos que se espraiam… E umas nuvenzinhas descaradas sempre a insistir. E assim eu. E, aposto, assim tu.

Um vender um dos teus pães para comprar um lírio

É esta geometria riscada a luz e sombras.  Aceita. Lembra, se preciso for. Mas aceita.  É preciso sair da ilha para ver a ilha (só agora te percebo, ó Saramago).  Nada é garantido e, no entanto, tão leve de carga.  Porque agora não esperas nada.  Um vender um dos teus pães para comprar um lírio.  Ficar entre uma guerra que acaba e outra que começa.  E neste intervalo, ter tudo.  É esta geometria riscada a luz e sombras.  É este o momento, mulher, em que te enxergas que és sublime. Aceita. (devaneio, tendo por companhia o Mendonça - Tolentino, na esplanada)

Segue o caminho das estações: arrebita e esmorece e torna a florir

A biografia primaveril diz-me que, um dia, foi botado à terra ainda semente.  Nessa altura, pensava eu em esperança e magia. Adivinhava um frondoso girassol. Luz do dia!  Ali ficou em terra que é minha. E vem crescendo de lá para cá.  Segue o caminho das estações: arrebita e esmorece e torna a florir.  Tem-me acompanhado sempre. Em doces e boas memórias que guardo.  Neste momento, está de esperanças novamente.  Tem andado parede acima. Assim, verticalmente.  Está gigante, mas ainda tão verde.  Eu sei que até pode vir a ser montanha que pode parir simplesmente um rato, mas acreditemos!  Vou olhar-te e, no teu olhar, colher de forma doce a expetativa. Com ternura.  E pensar que talvez cresças em alegria.  Que estejas em doce companhia para que passes os teus dias a sorrir. Em paz.  E, um dia destes, me surpreendas e vires girassol para que possa ser eu também girassol a cada sorriso teu. Luz do dia!

a história até ao fim

Por mais que faças não faças nada. Enrodilha-te como uma cobra nas matas. Sofre, morde se alguém te toca e assobia de vez em quando  uma ária que ninguém goste. És de ti, não dos outros és dos tempos que vão correndo em ti mas não hás de morrer assim. Tenho uma fé cá comigo que ainda há de aparecer na vida alguém que te conte a história até ao fim. (revirar em verso da prosa torguiana - Miguel Torga, Diário I, 1937) 

E acredita que pensei na burrata também

Mesmo o mais é sempre pouco. E muito me espanto de mo ter dito! Tudo chega a tempo certo e há sempre um entendimento para tudo. Como este estar no sítio das estrelas onde passeamos devagar a apreciar cada passo. Como se reaprendessemos a andar. Pela primeira vez, alguém lançou uma estrela ao mar. E não fui eu que o fiz. Talvez tenha chegado a minha vez de ser salva. Num dia em que usei uma fita no cabelo para ficar ainda mais bonita. Uma tarde de gestos e gostos. Resguardados pela maciez desta esplanada que me ensina que não devemos desistir de tentar. E eu que sempre fui adepta do modo lento, dei comigo a sós contigo nesta moleza. Eu já desconfiara que isto podia muito bem acontecer. Exatamente assim. O meu olhar fixado no horizonte e o teu em cima de mim.  E acredita que pensei na burrata também. 

dias úteis

Ali, nesta foto, sou eu. E não estou a delirar. Sophia argumenta a meu favor. É, sim, é a «praia extasiada e nua onde me uni ao mar». Tem razão. Vesti a minha blusa azul para que tudo batesse certo. Afinal estou perante uma celebração. Aprontei-me para esmigalhar o pedregulho de sete dias. E (olhem só) é areia por todo o lado!!! Dei um nome diferente a cada gaivota que encontrei e ensaiei passos de dança no areal. Podem pensar à vontade que estou louca. Vão errar. Eu sou louca, o que é diferente. E, agora, é o Torga que abona a meu favor: toda a gente sabe que pelos nossos próprios pés chegamos aonde devemos chegar.  Ó querido mar!  E a maior alegria é que nem é sábado, mas dia útil que se abre em dia de férias, só para mim. E agora estou cansada, mas só dos pés. Trago na cabeça a banda sonora deste dia, no nariz esta água salgada, os olhos estão cheios de ver e, embora as redes estivessem lançadas, não me enredei nelas. O barco nem chegou a partir e, amanhã, é dia útil, daqueles de tr