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Mensagens

Pela noite dentro

Quando passa aquela hora. Estás acordada e nada te adormece. Anseias pelo amanhecer. Pelo despertar de um novo dia em que algo, esperas tu, aconteça. Colocas os phones e ouves músicas que te estimulam, te fazem recordar, sonhar, sorrir, chorar. Escreves. Ninguém precisa de saber. Só tu, papel, caneta e música. Vais balançando a cabeça nas vírgulas, nos pontos finais, de exclamação e interrogação. Estás só. Não, não estás. Tens música, caneta e papel. Quiçá nada de importante para outrem, mas profundamente importante para ti. Não começas com "Era uma vez" ...essas vezes já foram, porém mantêm-se ocnstantes. As  brumas da memória  não te deixam esquecer quem és nem porque escreves. Escreves. Ponto. Amanhece e sorris. O sol espreita e faz-te feliz. Não pensas na noite que passou...TIC TAC TIC TAC, o relógio não estaca. Cruel. Imparcial. Frio. A tua morte não pára o Mundo. Já morri, no entanto, qual Lázaro, ergui e caminhei...de encontro a nova morte. O renascer é a pu

Ó vidas engaioladas!...

Não há nada como um domingo assim: levantamo-nos pela manhã com um sorriso nos lábios, toma-se o banho semanal, enverga-se a roupa domingueira, há cheiro a café e torradas no ar e… começa a confusão!!!!!! Todos a discutir as imensas possibilidades de passeio domingueiro.             - Centro comercial? Que tal?   - diz a mulher.             - Achas?   - responde o homem.             - Não!!!!!!   - ataca o filho adolescente.             - Pode ser!   - remata a filha adolescente.             Há que sair rapidamente sem pensar. É que, hoje em dia, é do melhor que existe! Não há lugar mais agradável do que um centro comercial. E há sempre um perto de si!! São giros, espaçosos, combinam imensas possibilidades de se gastar dinheiro desnecessariamente. As famílias, ali, sentem-se radiantes e unidas!             E, pronto, depressa chegaram ao local. Lá estão eles, felizes e confiantes (exceto o filho adolescente…).             As mulheres rapidamente arejam, experimentando

Cabular ou não, eis a questão

Este tema coloca-me várias questões. Para as entenderem, tentarei explicá-las por fases. Fase 1 - desconhecimento Tal nunca me passara pela cabeça até à jovem adolescência. Desconhecia por completo tal prática e era um não-tema familiar. Fase 2 - despertar O espanto e a incredulidade inserem-se nesta fase. As conversas giravam em torna de copiar e a jovem ingénua pensava que faziam cópias. Aquelas cópias da Primária. Teve de ter "explicações". Explicações a sério!...técnicas, posturas, abordagens e afins. Fase 3 - desprezo Sempre zelei pelo que considero digno. O desafio de me testar e o desprezo por práticas ilícitas caracterizam esta fase. Não concebia que se alcançassem notas através de falcatruas e, em minha opinião, era fraco desafio à sapiência (ou não). Fase 4 - inveja Com o passar do tempo, verifiquei que muitos cábulas  acabavam por ter melhores notas. De que adiantava estudar, então? Mas o valor da dignidade rígida ainda imperava, o que não invalida que

Crónicas de Uma Viagem 1

“Escrevemos para exorcizar fantasmas e demónios, ou para reter memórias”, Maria Liberdade Crónica de uma viagem             Janeiro, seis e quarenta e cinco da manhã, o despertador toca. A cama está quente e o quarto  a uma temperatura muito confortável, aconchego-me no corpo do homem que dorme a meu lado, o meu “ex-namorado”, como diria o meu amigo Zé Pato, pois passou ao estado de recente marido. Não me apetece levantar. O despertador toca mais três vezes, com intervalos de cinco minutos, voltando o meu consciente a cair num sono profundo entre cada toque, mas às sete horas tenho mesmo de sair da cama, pois um longo dia espera-me.             Reservo-me o privilégio de tomar o pequeno-almoço em casa, no quarto bem climatizado, sentada na cama, refeição esta a minha preferida, acompanhada com a leitura de um livro. Este hábito por vezes prolonga-se e lá estou eu a atrasar-me, quando deveria sair de casa às oito e meia em ponto. E, quando tal acontece, envio um sms para a

As Botas de Borracha e as Chouriças

Andrómeda, Belinda, Jacinta e Maruca estavam de serviço na cozinha: lavar a louça. Pilhas de pratos, talheres infindáveis e copos de tamanhos vários. Entre risadas lá se foi lavando e secando o monte que teimava em não diminuir. Arre! Pratos, check . Talheres check . Copos...Copos? Fenómeno estranho: partiam! Andrómeda estava na tarefa de enxaguamento e, coisa do demónio, sempre que sacava um copo da pia (sim, pia, é que o lava-louça mais parecia um enorme bebedouro!!)...pum, estourava. O primeiro a partir foi cá um susto! ...mas a coisa até tinha piada, he,he. As 4 fizeram um fado. À vez, pegavam nos copos fumegantes e...pum...mais estilhaços. Ai,ai... Chegou a vez das enormes panelas militares. Pesadas e difíceis de manusear nem sempre ficavam a brilhar. A malta queria lá saber. ..um atractivo saboroso chamou a atenção das 4. Por cima do fogão monstruoso de ferro estavma os enchidos em secagem. Pendurados em varetas apanhavam o calor emanado do forno...Mandavam um aroma chamand

Sabes do que sinto saudades?

Sabes do que sinto saudades? De estar apaixonada! Eu digo: as paixões são como as marés, vão e vêm, umas são marés calmas, outras são verdadeiros tsunamis! Sinto saudades daquela sensação de adormecer e acordar a pensar nisso, de andar feliz e de que nada me pode perturbar! Mas a paixão não tem necessariamente de ser por alguém; pode ser por uma ideia, por um projecto, algo que me faça sentir as borboletas na barriga! Ah sentimento bom! Há lá coisa melhor! Tenho saudades! Mas as paixões não se procuram, nem se encontram; acontecem-nos... Paixão não tem a ver com amor.  by  Maria Liberdade

Andrómeda e o Colégio de Freiras

Situava-se num vale em V acentuado. Nas encostas floriam mimosas, entre carvalhos, castanheiros e pinheiros. Daí o nome, Mimosa. Foram deixadas pelos pais, as duas irmãs, e o desconhecido espreitava entre o medo. Como mais velha, Andrómeda, segurava a mão da benjamim. Com força. A despedida há muito que se dera e foram apresentadas a uma sala recheadas de caras estranhas. O que tinham em comum? O calculismo do olhar. Novatas eram sempre avaliadas e testadas. Vestidinhos às flores, cabelos compridos e ondulados, expresssões num misto de tristeza e temor, deviam parecer presas fáceis e ingénuas. O salão era mediano e as garotas presentes, sentadas em posições displicentes, eram uma mescla de idades, cores e, certamente, feitios. Mais tarde ficou a saber que mais de metade eram órfãos ou provinham de lares abusivos. Foi o primeiro contacto com as mais duras realidades da vida. As Freiras, esposas de Cristo, exploravam bem o desdito de tantos destinos! As Outras eram, tal como as du

Os Tomates Podres

A mãe mandara-a comprar 2 kg de tomates ao Supermarkt . A encomenda não era do seu agrado mas, contrariada, pôs-se a caminho. Chegou, fez festinhas a um cão que esperava pelo dono no "parque para cães", entrou e deparou-se com uma fila na secção de frutas e legumes. " Ja, bitte? ", " Vielen Dank !"...era o que ia ouvindo. A Moça, magicando, esperava a sua vez sendo acometida por uma certeza: "Queres ver que quando chegar a minha vez me vão dar os tomates podres?!". Era hábito separar as frutas ou legumes "tocados" consoante o atendimento ao cliente. Com esta convicção, o seu interior ia fumegando e a revolta incendiou-lhe as entranhas. Chegara a sua vez. Fez o pedido e o empregado, mirando-a de alto a baixo, virou-se para os tomates já separados e pesou os quilos solicitados. A Moça aguardava, com dificuldade, mas aguardava, e, quando lhe foi estendida a encomenda, não lhe pegou. Repetiu o pedido acaloradamente: "Quero 2 kg d

Amizades&Friendship&Freundschaft

Nas arrumações mensais que vou fazendo ao escritório, encontro uma carta. Sim, uma carta. Ao relê-la, o coração floriu em melancolia e a saudade sorridente bateu à porta. Era de uma amiga. Certamente que a mesma se reportava a uma fase difícil da minha vida. O tom era de uma generosidade que só verdadeiras amizades, aquelas em que podes contar com todos os abraços necessários, disponibilizam. Estilos, educação e visões diferentes, no entanto, complementares. Creio que as amizades advêm, exactamente, daí. Não pelo sermos “iguais” mas sim pelas particularidades de cada um de nós. Depois há a empatia ou não. A amizade está acima de qualquer sentimento. Amor não sei se existe. Tristeza conheço bem. Alegria sempre disponível. Raiva leva-me a atitudes ou a pensamentos de “matança”. Amor não conheço. É por isso que creio ser a amizade o sentimento mais nobre que de que o ser «humano é capaz. Se precisas de um conselho… Se necessitas de conforto… Se um feito é glorio