Ela pertencia àquele grupo de gente que trabalha, mas parece que não trabalha.
Por dois motivos muito claros: a matéria do seu trabalho é mágica e porque este tipo de gente gosta tanto do que faz que até parece que gosta mesmo.
E este facto cria, em certos indivíduos, uma inveja miudinha!
- Como é possível tirar-se prazer do trabalho?!!
E lembra-se de um seu amigo que ganha a vida a pintar! Imaginem! É o seu trabalho! Cada quadro que vende são uns milhares de euros! (E esta pequena informação só foi incluída neste momento narrativo para tornar mais credível a ideia de pintura como um trabalho. É que há pessoas que só ouvem quando se lhes fala em números. Para esses, trabalho é sinónimo de números, rendimento, milhares de euros).
É neste momento que um desses indivíduos corroídos pela inveja miudinha se aproxima:
- Olá!
- Olá!
- Tudo bem?
- Tudo bem!
Conversa curta e de circunstância! Depois destes preliminares, atira certeiro e irónico:
- Descansas?
Ela, agoniada, pela falta de inspiração que a impedia de escrever seja o que for, naquele preciso dia, recebe aquele reparo de forma interessante. Aqui está o mote dado para o início de um escrito.
De repente, lembra-se de um jardineiro que trabalhava no seu jardim e alguém lhe perguntava:
- A descansar?
E ele respondia, com toda a calma e felicidade do mundo:
- Não! A trabalhar!!
Mónica Costa
(pintura de Quint Buchholz)
Comentários
Enviar um comentário