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Há um tédio que nos assiste a todos...

Paro:
Está branco em céu aberto nesta janela de fundo de rua
Espreito por uma fresta desta abandonada porta escura
E reparo:
Ouço risos perfeitos em festa, há afagos que se escapam
Sinto corpos em alerta atrás destas paredes que me tapam
Penso:
Quanta magia e doçura fervilham por detrás de paredes caiadas
de casitas escuras que aparecem assim do nada!
E quantas dores e misérias se instalam por detrás de paredes luxuosas
de verdadeiros palácios que são casas claridade!
E continuo pensando:
E, às vezes, parecem grandes as nossas pequenas desgraças
porque choramos colados às nossas paredes caiadas
imaginando as paredes sumptuosas das casas fáceis.
Concluo:
Há um tédio que nos assiste a todos
independentemente de paredes luxuosas ou caiadas
E dentro de cada casa, mesmo que em festa,
A tua e a minha vidas existem em eterna vertigem
Risos, afagos, magia, doçura e coragem
São, afinal, a única loucura que nos resta
E que transformam qualquer janela escura
Em janela branca de céu aberto!

Mónica Costa


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