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Ganhou a palavra através do fruto

A minha árvore transborda. Já foi flor! Está torta, cheia e feliz de tantos frutos que brota. Ganhou a palavra através do fruto. 
Alguns, de maduros, já caem no chão, outros esperam por mim. Os que caem por terra espalham-se suculentos, semeiam cores, vaidades e gulas, temperam a terra de doçura. Outros esperarão por mim. E esses, sim, serão, os meus frutos da minha árvore que tombam em mim molemente e, lascivos, alimentar-me-ão de doçura em prazer de língua. Escorregarão pela garganta abaixo, criando rutura entre o fogo da sede de verão e a água das chuvas de inverno. 
E neste outono, tela amarela e castanha, a minha palavra e toda a fruta que brota é pincel que tinge de respiração errante a nostalgia dos campos onde a minha árvore descansa.

Mónica Costa



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