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Mensagens

alegria e a paz nascem destes trajetos fecundos

Recomendo-me este banco que é o canto mais vulnerável porque daqui atinjo toda a ternura dos espaços que deslizam. Depois de todas as chicotadas quotidianas, este canto, neste espaço, é privilégio e, no meu peito, parece, de repente, que só cabem pássaros sobrevoando as árvores que nos miram, de forma enviesada, em toda a sua plenitude. Embrenho-me na tranquilidade deste espaço e deixo-me atravessar.  Do outro lado, para trás, na paisagem fria, ficou a ansiedade e o medo. Aprecio, à minha frente, e deste lado, o brilho frondoso desta água que cativa e nos lembra a relação natural com a terra e a lama e as raízes de que somos feitos. E esta paisagem que nos atravessa e que atravesso já nem sabes onde está ou onde estamos, se dentro ou fora de nós. Só sabemos que a alegria e a paz nascem destes trajetos fecundos e que tudo é força, é posse e harmonia. Daqui deste ponto onde me encontro agora, os pensamentos ficaram cercados de erva e urze e musgo e água, resina e pedra e cheiro a terra,

pleonasmo descarado

 Já há tanto tempo que me acho em Amor. E não tem sido uma relação fácil. Talvez tenha havido alturas em que disse a palavra amor por dizer. Uma palavra banal de tão igual a tantas outras. Era como dizer panela ou calçada ou carro. Só mais uma das muitas que nos atravessam diariamente, sem grande alarde e beleza, mas com utilidade. Talvez tenha havido alturas em que a desprezei por revolta, por sentir outras palavras que se apoderaram de mim como mais atraentes e bem mais fáceis de pronunciar. Talvez tenha havido uma altura em que a considerei como simples adorno literário. Era ela fora de mim. O amor tão terra e eu aérea demais.  E há tanto tempo que me acho em Amor. E não tem sido uma relação fácil. Palavra que se habituou a mim. E eu nada. Repudiava-a de cada vez que se acercava. Muito por perto. Quase. Quase. Quase. E eu nada. Talvez tenha havido alturas em que tentei arranjar sinónimos para fugir à palavra certa. Talvez tenha havido alturas em que me provaram que seria mais saluta

deixa-me odiar-te

Deixaste que suportasse os teus caprichos Deixaste-me aguentar o teu mau feitio Deixaste-me entrar e ficar E agora que aqui estou Deixo-te ser quem és Deixa-me ser quem sou.

beautiful day

O verso é linha que verte jorra de ti para o outro diverte ou adverte ou queima... se não estiveres preparado vira rapidamente o verso em reverso seja de que fome for O verdadeiro verso nunca é versinho inocente pode é muito bem vir a ser a melhor versão de ti

muros de água

 Eles sempre de mãos dadas que se prendem mal se desprendem (e um franzido lhe assomou ao sobrolho mal isto lê)

de nada lhe serve qualquer discurso feliz que traga no bolso

 Discursos felizes transportam-nos para cenários satisfatórios dentro dos quais nos conseguimos rapidamente imaginar enquanto personagens principais.  Discursos felizes atraem. Os discursos tristes relembram-nos da nossa condição de figurantes num verão que nunca chegou. Discursos tristes ninguém quer… Há, portanto, coisas sobre as quais não devemos escrever. Sobre a tristeza, por exemplo. A tristeza afasta-nos das pessoas, transforma-nos em seres abomináveis. Deixamos, de repente, de ser agência de viagens para passarmos a ser agência funerária. E as pessoas não gostam deste tipo de viagem sem regresso. É exatamente por isto que, hoje, particularmente hoje, decidi escrever sobre a tristeza. Funda e sincera. Não a do apelo ao coitadinho, mas a tristeza que é assunção das nossas fraquezas. Daquele tipo de discurso que ninguém gosta de ouvir nem ler. E logo, hoje, neste dia preciso, no qual há um calor que é conforto. Uma luz que é alegria. Todo um cenário que tinha tudo para ser feliz.

o som dos meus passos

 Teria sido tudo tão diferente se nunca me tivesse cruzado contigo  porque não teria ouvido o som dos meus passos

esta a esperança que o meu sorriso e abraço te comunicam todos os dias

Sim, meu filho, é esta esperança de te deixar num mundo tão inseguro! É esta esperança que me alimenta: de que faças o melhor que puderes ao longo da tua vida de que te sustenhas firme e não curvado quando tudo cair em teus ombros que te mantenhas fiel a ti próprio mesmo quando todos duvidarem de ti (sem esqueceres que as suas dúvidas devem ser tidas em consideração) de que te lembres da nobreza e da maravilha do saber esperar e que te congratules por não alinhares em mentiras. É esta a esperança que o meu sorriso e abraço te comunicam todos os dias: a de teres a certeza de que a melhor maneira de viver é amando e mesmo quando te sentes desprezado, não compensa acumular revolta a de teres a certeza que não és bom demais nem superior aos outros  mas também não és menos do que eles, somos todos iguais e a de teres a certeza que sonhar…oh! Sonhar, sonhar é a salvação deste mundo (não deixes que a realidade te corroa!) Seres capaz de lidar com o triunfo e com o desastre como pontos de equi

SOL!

Entro devagar na água até à cintura  e deixo-me levar… em baloiçar de ondas a água sobe e desce o corpo inunda-se de balanços tudo se torna leve e deixo-me deslizar… elevo-me a boiar fixo o céu azul  e o dia escorre por mim adentro em paz e deixo-me ficar…