Recomendo-me este banco que é o canto mais vulnerável porque daqui atinjo toda a ternura dos espaços que deslizam. Depois de todas as chicotadas quotidianas, este canto, neste espaço, é privilégio e, no meu peito, parece, de repente, que só cabem pássaros sobrevoando as árvores que nos miram, de forma enviesada, em toda a sua plenitude. Embrenho-me na tranquilidade deste espaço e deixo-me atravessar. Do outro lado, para trás, na paisagem fria, ficou a ansiedade e o medo. Aprecio, à minha frente, e deste lado, o brilho frondoso desta água que cativa e nos lembra a relação natural com a terra e a lama e as raízes de que somos feitos. E esta paisagem que nos atravessa e que atravesso já nem sabes onde está ou onde estamos, se dentro ou fora de nós. Só sabemos que a alegria e a paz nascem destes trajetos fecundos e que tudo é força, é posse e harmonia. Daqui deste ponto onde me encontro agora, os pensamentos ficaram cercados de erva e urze e musgo e água, resina e pedra e cheiro a terra,
Algo que interessa ou não... Não sou única nem diferente... Gosto de desanuviar e, quem quiser desanuviar comigo, é bem vindo.