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Será isto o que a poesia tem querido de mim? Será isto que eu quero para ti?

Hoje. Assim, exatamente. Este momento. Um rápido instante de espanto. E ter a sorte de uma janela que, embora em dia menos bom, me atira o olhar para este jardim. Assim. Florido. Hoje. De rompante. E, maravilhada, começo a dar crédito a estes olhos que me desviam do que não interessa e me trazem para o caminho as flores. Hoje sei. É um olhar do pode ser e do que pode vir. Um olhar que se escolhe. Um olhar que faz por ser presente. Assim. Nem mais nem menos. 

Será isto o que a poesia tem querido de mim? Será isto que eu quero para ti? 

Como diria Alexandre O’Neill, «há uma palavra francesa com a qual posso perfeitamente exprimir o rompante mais presente em tudo o que escrevo: dégonfler. Em português, traduzi-la-ia por desimportantizar, ou em certos momentos, por aliviar, aliviar os outros, e a mim primeiro, da importância que julgamos ter. Só aliviados podemos tirar o ombro da ombreira e partir fraternalmente, ombro a ombro, para melhores dias, que o mesmo é dizer, para dias mais verdadeiros.»




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