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O pão nosso de cada dia


Acordas atordoado para o quotidiano do não e eis a tua vida a água e pão
pão estrafegado de manhã ao balcão, pão sem manteiga e, com sorte, um galão
e assim engolido de pé para a mão, segues iludido com o pão de centeio
e ficam insolentes as migalhas no balcão a denunciar a tua condição de papo meio cheio
Puxas as orelhas ao saco de plástico enraivecido, pois então!...
E a ti que te dizem que não deves ter fome nem sede
acabas por comer o pão todo e ainda levas, para casa, meia dúzia de pães em promoção!
E, no dia seguinte, enfrentas a admoestação e por todas as ofensas pedes perdão
vais alimentando toda esta máquina poderosa que não pede desculpa pelo que ofende
comandada pelos que não se alimentam de pão porque já engordaram… não precisam…
(sejam feitas as suas vontades assim na terra como no céu!)

Mónica Costa
(foto de Raymond Depardon)



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