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e cai a noite e eu com ela

Desse lado frio e quotidiano
fico evitando o calor
das vidas das gentes
recolhidas em suas casas
porque eu gosto das cidades
abertas, desertas e pesadas
com as suas ruas de silêncio
de um silêncio que cresce
à medida que a tarde
lentamente desaparece
eu gosto quando todos se vão
e eu fico deambulando
contando em voz alta
os meus passos no chão
ouvindo o morno bafo das pedras
das pedras da calçada cansada
da gente que andou por ali desvairada

e cai a noite
e eu com ela

e à medida que a voz quente da noite
me liberta do peso da razão
lembro-me do meu estado
de alma de luz e cheia
que prefere a solidão!

Mónica Costa




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