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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2018

Agora sim!

Corpo parado, olhos fechados. Vais acordar, vais acordar para a Vida…? Vais-te levantar e começar a andar. Olha à tua volta! Está um tempo ameno. Não há calor demasiado, passa uma brisa serena. À tua volta existe um verde demasiadamente belo. Deves observá-lo com atenção. Detém-te nas folhagens que se agitam. Ouves? Vibram à tua passagem. Esse som tranquilizante faz com que encares, todos os dias, os teus problemas com paz na alma. Ouve e vê e, enquanto caminhas, sorri. Agora acelera um pouco mais. Sentes? Ritmo! Chama-se ritmo! Acelera um pouco mais e atira-te a uma corrida! Há uma maior quantidade de sangue circulando dentro do teu coração. Isso! Sentes o impacto dos teus pés no chão! E o chão sente a tua energia. O sistema respiratório existe! Pensavas que nem conseguias respirar em condições e agora estás a arfar! O teu sistema está alerta! Os níveis de oxigénio e dióxido de carbono estão estáveis. Respira! Inspiras e expiras! A frequência respiratória aumenta! Pára e recomeça!...

Tanta energia!

Aqui vos apresento os primeiros versos da cantiga de abertura de um dos desenhos animados da Disney mais hilariantes de todos os tempos: Phineas & Ferb: Cento e quatro dias que fazem as férias, a escola acaba com elas, mas o grande problema que todos vivemos é saber como aproveitá-las!! – dizem o Phineas e Ferb. E é quase impossível não ler isto a cantar! Pelo menos, para qualquer mãe que se preze e que conhece esta saga de aventuras. E qualquer pai ou mãe, neste momento do ano, alterarão imediatamente a letra desta cantiga para: 104 dias??!! Tanto tempo!! Nunca mais começa a escola!! Cadê os professores para nos aliviarem a carga?? É que o grande problema que todos vivemos é saber como suportar tanta energia! Cento e quatro dias!! Um dia, vinte e quatro horas, mil quatrocentos e quarenta minutos, oitenta e seis mil e quatrocentos segundos! É só fazer as contas! Portanto, isto é de loucos quando está em causa o seguinte: uma casa com filhos pequenos ou graúdos, férias intermináv...

Jornal de cara lavada

Neste momento preciso, num qualquer dia de agosto deu-se o surreal acontecimento quando me preparava para o café matinal. O jornal que folheava tinha ares novos tinha havido uma inundação de informações da primeira à última página! Mas... informações prazeirosas histórias dignas de respeito e admiração casos de vida inspiradores!! Não é sensacionalismo! Não é imaginação! Atiraram fora as desgraças! as politiquices!! as fofocas e os absurdos!! Até a publicidade vinha de cara lavada! Expunha-se slogans que há anos não se viam em nenhum lado do género: «Dê um passeio em família!» ou «Leia um livro!» Até a secção da necrologia tinha sido substituida! Em lugar dos mortos fazia-se o elogio dos vivos e o louvor aos nascidos e aos respetivos apoios que os consolam!!! Mónica Costa (foto de Robert Doisneau)

Coração de harpa e cricrilar de grilos

Nascera pobre, um de seis irmãos. Tempo de guerra e fome. Todos descalços e habituados a roubar os frutos dos quintais da aristocracia. Banhos, só os de tanque com água gelada de inverno e mais três ou quatro tostões ganhos à base de muito trabalho desde tenra idade. E as famílias pobres portuguesas assim se sustinham nos anos pós segunda guerra. Havia pão recesso, quarta-classe para os sortudos e à custa de muita reguada. Crescera à lei da natureza, roto quase sempre, feliz na maioria das vezes. Espírito de luta e ambição suficiente para se ir safando. E quando conseguiu emprego digno de um cidadão de classe média, entregava quase tudo aos pobres. A que se reduz afinal a vida? - perguntava frequentemente – Apenas a um pedacito de emoção. Se tivesse de rebobinar a cassette, carregava no botão «On» no exato momento em que um tal Volkswagen estacionava ali mesmo numa tal garagem. O caminho em paralelos impunha sempre uma chegada pouco discreta. Um Volkswagen branco alinhado para a a...

Os que tornam a Terra triste!

Terra! O mais completo planeta do Universo Berço das mais variadas sementes Tu que nos presenteias com a sombra das tuas árvores! Tu que abençoas teus filhos com a mais pura das águas! Terra! És a inspiração para qualquer verso As flores te sorriem, não sei se sabes… As aves que povoam o céu te idolatram Os animais esforçam-se em perfeita comunhão. Terra! Somos nós os culpados! E somos aos milhões! Nós que sabemos que a água é mais bela quando estala pura e limpa Mas fazemos tudo ao contrário… Ondas que estais para aí a falar? De nada vos vale praguejar! Em vão ostentais a vossa revolta… E tu, pomba, por que ficais aí especada? De nada vos vale o lamento Em vão ostentais a vossa liberdade. Este é o vosso ( e nosso) destino! Levar com o nosso lixo em cima Nós, os que tornam a Terra triste! Mónica Costa

E dá uma vontade de partir em busca do silêncio e do paraíso!!

Uma das coisas que mais irrita neste mês de agosto, e que faz com que alguns de nós atinja níveis consideráveis de irritabilidade, é a quantidade de gente que surge de todos os lados. Qualquer sítio, por mais insignificante que seja, é palco de aventuras de uma trupe de turistas quase sempre obcecados com a necessidade de diversão. E são tantos! Neste momento, há um variadíssimo leque de turistas no nosso país. Há novos e velhos, ricos e pobres, chineses e ingleses … e os turistas de garrafão. De repente, o cantinho sossegado onde costumávamos tomar um café ou a lojinha onde íamos escolher os legumes e frutos, o quiosque onde se compra o jornal ou se escolhe a raspadinha, tudo fica desassossegado.  E dá uma vontade de partir em busca do silêncio e do paraíso!! Hoje, à mesa do café e, lendo o jornal no meio da multidão, dei de caras com uma crónica muito divertida de Luís Pedro Nunes que escrevia « …fiz catorze horas em três viagens de aviões e deram-me, como pedido, uma das ca...

Aretha Franklin - Don't Play That Song (You Lied) [1970]

Há sempre uma mesa redonda...

Há uma mesa redonda. Há um jogo de tabuleiro quadrado em cima da mesa redonda. Cadeiras à volta da mesa. Peças alinhadas. Há um esquema que tem vindo a ser montado. Há gente inteligente e ambiciosa o suficiente para montar esquemas. São esquemas mentais, ao princípio, que exigem bastante concentração e rigorosa planificação. Uma vez testadas todas as possibilidades e riscos e, firmando-se uma das hipóteses como viável, inicia-se mais uma série de esquemas, desta vez  mais concretos. Efetivam-se dia a dia em pequenos avanços, pequenas evidências, pequenas conquistas. Os intervenientes no processo estão motivados (afinal é possível e ninguém dá por nada!) e os esquemas cada vez mais minuciosos e arrojados vão-se complexificando. Grandes conquistas! Estão imparáveis! Um pequeno poderoso grupo e um líder. Há necessidade de colaboradores inteligentes e fiéis. E afinal tudo bate certo, tudo parece bater certo. Há sempre uma mesa redonda. Há um jogo de tabuleiro em cima da mesa. Gent...

Rendo-me...

Entro devagar na água até à cintura e deixo-me sentir em baloiçar de ondas a água desce e sobe o corpo inunda-se de balanços tudo se torna leve deixo-me deslizar elevo-me a boiar fixo o céu azul e o dia escorre esplendoroso e suave do lado direito uma orla negra de rochas duras como fendas fundas a água escorre para lá se funde e esbate em mim saio meio louca enrolo-me em toalha quente o sangue lateja lanço âncora na areia fina. Mónica Costa

Haja sempre um bom acordar!

Afastemos o sono, pois os raios de sol nos erguem, apesar de ainda fracos e esbranquiçados à medida que um dos nossos olhos se abre para o mundo. Na cama, em pleno reino dos lençóis, no interior de nós, flui o som da água que já se agita. Envolvemo-nos em preguiça e enrolamo-nos nos panos ainda quentes. As bocas se abrem num sopro de vida, o corpo estica-se e cada bocejo de ar é sensível aos sons do dia que começa: os ligeiros pássaros que piam, o carro longínquo que roda, os passos apressados de quem passa, o bater de uma porta, as folhas das árvores que balançam. E um e outro olho abrem as cortinas para a luz. Pela íris, passam os verdes da janela e pelas narinas sobe o ar fresco da manhã com a promessa de futuro. E é assim que penetramos terra adentro todos os dias. Haja sempre um bom acordar! Mónica Costa ( produção artística de Lurdes Pereira)