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Deve ser isso!

Um poder inexplicável em mim
o lugar largo que me entende
 fico ali a olhar para o movimento da água
envolvida por areias movediças e ganho importância.
Deve ser isso!
O oceano é ó único a dar-me importância.
De repente, sinto que deixei de ser insignificante
e é milagre só para mim.
E, de joelhos,
a escolha insiste
e eu, frente a frente com o mar, não consigo evitar.
 Impõe-me, quase sempre, uma conversa séria e eficaz.
É o que ouço,
é o que digo:
paz sem necessidade de praguejar.
Chicoteiam-me as areias, 
prende-me o azul das ondas
ondas que tombam e ouvem tudo.
Nada fica por dizer
 e nada fica revelado,
a onda vem e leva tudo para o seu mais fundo.
Não desistas, diz-me sempre o mesmo,
olha a água da terra firme
e deixa-te estar sublime.
E eu tão a sós comigo,
nesta praia de silêncios e vazios à solta.
Estendo-me ao comprido, corpo e terra em uníssono.
e a onda que esbateu em maré cheia ruidosa
devagar se retira em desmaio de branco nostalgia.
Os meus cabelos ganham vida
Os olhos humedecem comovidos,
tudo se agita e cresce um arfar intenso
os pés ganham onda
as entranhas amolecem
os braços ganham balanço.
Desfaço-me toda em pedacinhos
que se misturam com a areia
e que recebe a água que fustiga
mas logo acalma e me mima
Se resistir, sou bailado.

Mónica Costa


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