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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2018

Dar de caras com o inexplicável

Só vidas facilitadas, serenas, histórias sem um único sobressalto. Ou, então, histórias cómicas, hilariantes, vidas ridículas. Tantas vezes, histórias vazias e vidas preguiçosas.  Acreditando, acreditando apenas e em tudo o que se regista e publica. São os ganapos deste tempo, habituados ao jogo virtual, mas tão crus e nus perante a realidade. Um largo, um jardim e um bando de rapazes bem parecidos, esguios, cortes de cabelo perfeitos, barbinhas rarefeitas, bigodinhos finos, rostos aquilinos, narizes enormes no meio.  Pescoços carregados de fios, fones e mãos abrilhantadas por iphones que os ligam ao mundo. Nem precisam de falar muito uns com os outros, apenas sorriem de quando em vez, comentam depressinha uma ou outra situação visualizada do youtube. Soletram meias palavras, trauteando músicas, misturam nomes de youtubers às suas conversas como se fossem seus irmãos ou amigos de longa data, Wuant, Windoh. E num mundo governado por facebooks , instagrams e twitters não há nada que

Bananas

As bananas são tão difamadas. São um fruto aromático e saboroso. Porque se compara, então, um ser invertebrado a uma banana? É que esses não são aromáticos e muito menos saborosos! Cabe-me, assim, fazer a apologia a este fruto menosprezado. É amarela quando em estado maduro. O invertebrado fica amarelo quando se vê contrariado ou está adoentado porque não quer, não lhe apraz cumprir com as suas obrigações e afins. A banana é vistosa e cheirosa. O invertebrado pode ser vistoso mas, quando “descascado” não passa de um verme infecto em purulências bubónicas que, por si, dão nome maldizente ao cheiroso. A banana é um deleite às papilas gustativas, comestível em várias tipologias de receitas. O invertebrado não tem ponta por onde se lhe pegue. Torce e retorce… Arre que não há quem se lhe chegue! Porque são as bananas tão difamadas? https://i.pinimg.com/originals/3b/f3/07/3bf30757fdc16f767a9e4c2d659c816b.jpg

(Re) União

Como se sabe, reunir quer dizer ajuntar pessoas num mesmo lugar físico com o objetivo de deliberar e discutir assuntos e temas específicos. No que toca a uma reunião de professores, a discussão quer-se objetiva, mas quantas vezes é emotiva! Avalia-se pessoas, neste caso, alunos! Ato corajoso! Não constituindo um episódio meramente administrativo, é, acima de tudo, um momento de reflexão, em muitos casos, difícil e os professores (pessoas) são, na maioria dos casos, especialistas em operacionalizar, de forma sensata, a idiotice de algumas leis (leis que são inventadas e reviradas do avesso quase sempre apenas com o foco no sucesso das estatísticas). No final de cada período letivo, então, os professores ajuntam-se, presididos pelo chamado diretor de turma e auxiliados pelo respetivo secretário, munidos de toda a documentação necessária (e quando digo, toda a documentação, está e causa uma quantidade considerável de papelada). Os professores que eu conheço, e que merecem esse nome, semp

Saudade

Hoje andei por aí, seis da manhã envolvida em nevoeiro denso Esplendoroso arco – íris por entre as nuvens!  o maior desassossego foi este… as estradas e os passeios sabiam de cor os teus passos É incrível como ganharam olhos e lábios de ti! Quando ainda não sabia o teu nome, era mais fácil não tinhas cor nem incendiavas as minhas folhas de papel E fiquei ali, no meio da rua, com o perfume do teu dia e o cheiro da tua mão E esbarro-me no sítio que ficou de nós …é quando a tua imagem  me desequilibra a parte certa do mundo… Havia uma mesa implorando a tua presença Os teus passos ouvi-os em desatino E os meus olhos pareciam gritar… E eu só pedia que o ar se soltasse a sorrir e… Surgisse a tua imagem insuportável de ternura Só que, desta vez, a cadeira estava vazia! E a saudade desferiu um golpe tremendo na minha testa E se as energias confluem, deves ter sentido tal golpe também Porque, hoje, nesta manhã de nevoeiro, O poema encontrou o que ficou de nós. Mónica Cos

Um sítio onde todos estão em silêncio, paz dissimulada

Parece confuso, mas naquele lugarzinho era mesmo assim. Havia umas quantas mulherzinhas jovens que transpiravam decência e pudor. O politicamente correto impunha-lhes saias pelo joelho e um lenço carunchoso na cabeça. Viviam uma paz dissimulada. Olhavam-se, em jeito puritano, como se fossem denunciar, a qualquer momento, histórias vergonhosas que escondiam umas das outras. Mas (e ainda bem) havia também aquelas mulheres velhas de luvas de boxe ou cigarrilha em punho que eram demasiadamente ofensivas. Ofensivas porque havia um brilho nestas últimas, apesar do peso das rugas e do descair das peles. Elas tinham uma força descomunal e uma vontade, uma vontade de abalar toda uma geração pequenina e mole!! As suas casas estavam espantosamente pintadas de diferentes cores quentes e, dentro dessas casas, havia cristaleiras Luís XIV com espelhos já foscos da idade, mas  cheias de copinhos de bagaço que emborcavam mal a lua aparecia por ali.  A mais nova das velhas. Era a líder! Usava uma ban

As minhas cerejas

As minhas cerejas estão prontinhas para serem colhidas. Só necessitavam de um dia de sol para ficarem docinhas. Nos entretantos choram, molhadas e encolhidas com o frio. Arre, que Junho as trata bem castigadinhas!

Pareces um peru embalsamado...

Um olho aberto e outro fechado Nem sabes se ficas deste ou daquele lado Ó vida de atropelo! Até me deixas enjoado… Há quanto tempo estás aí parado? Pareces um peru embalsamado! É essa a vida que queres, ó desgraçado? Andas neste mundo por ver andar os outros! Não sei se sabes… mas o mais triste é quando deixamos andar deixamos ficar tudo como está abandonamos ficamos sem reação fazemos de conta que não damos conta ficamos nem assim, nem não… apagados, desleixados, amorfos, patetas vegetando… E há pessoas que estão cansadas  estão cansadas por não terem vontade. Têm apenas vontades teia idiota de ações vulneráveis e desconcertadas… Até me deixas enjoado! Não sei se sabes… Mas só se luta por aquilo em que se acredita Enquanto não acreditares, vais andar aflito «Tanto quiseste que se cumpriu!» - dizia alguém… Pois....E esse alguém... tem o dom de dizer pouco e deixar a pensar muito É essa força que guia quem acredita: a vontade. momentos de paixão consciente

Deve ser isso!

Um poder inexplicável em mim o lugar largo que me entende  fico ali a olhar para o movimento da água envolvida por areias movediças e ganho importância. Deve ser isso! O oceano é ó único a dar-me importância. De repente, sinto que deixei de ser insignificante e é milagre só para mim. E, de joelhos, a escolha insiste e eu, frente a frente com o mar, não consigo evitar.  Impõe-me, quase sempre, uma conversa séria e eficaz. É o que ouço, é o que digo: paz sem necessidade de praguejar. Chicoteiam-me as areias,  prende-me o azul das ondas ondas que tombam e ouvem tudo. Nada fica por dizer  e nada fica revelado, a onda vem e leva tudo para o seu mais fundo. Não desistas, diz-me sempre o mesmo, olha a água da terra firme e deixa-te estar sublime. E eu tão a sós comigo, nesta praia de silêncios e vazios à solta. Estendo-me ao comprido, corpo e terra em uníssono. e a onda que esbateu em maré cheia ruidosa devagar se retira em desmaio de branco nostalgia. Os meus cab

Pessoas Feias

Pessoas feias mexem comigo. Não, não falo das loiras e morenas de olhos encantadores e corpos de sereia ou análogas ou semelhantes ou quase, quase, quase semelhantes. Ui que lá vai um splash de cauda escamosa! Como dizia, as pessoas feias mexem comigo. São aquelas que exalam um hálito bafiento numa aura nebulosa com cheiro a enxofre. Nada de comparações ignóbeis a Belzebu, valha-nos a mosca. São aquelas que sorriem mas cujos olhos são frios com o gelo cortante, traiçoeiros como ravinas cobertas de neve de floquinhos fofinhos. São aquelas que te abraçam e te sufocam qual cobra de Éden. Como disse, pessoas feias mexem comigo. https://dg.imgix.net/how-to-think-about-anger-pcv6liiq-en/landscape/how-to-think-about-anger-pcv6liiq-5c4377a29b0d3b4ca544f7d957b06b13.jpg?ts=1514498897&ixlib=rails-2.1.4&w=800&h=450&dpr=2&ch=Width%2CDPR&auto=format%2Ccompress&fit=min