Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

Onde sou a mim mesma devolvida Em sal espuma e concha regressada

as ondas  tão sonoras, tão mansas que atravessavam as casas e os olhos já a espuma os meus pés cobria só de as ouvir ( o título são versos de Sophia de Mello Breyner)

Está feliz. Tem obra feita. Sabe que é quase fim.

Está feliz. Tem obra feita.  Sabe que é quase fim. Por isso abotoa o casaco devagar. Como quem se fecha. Está em paz. Não gosta das casas grandes sem teto. Por isso resgata o chapéu à cabeça. Como quem se cobre. E se perguntarem que mais quer.  Sabe que pouco.  E muda a água ao afogado.  Como último refúgio para os seus males. É o ultimo troféu arrecadado. É, finalmente, o abençoado equilíbrio entre afetar e ser afetado. (a imagem é obra de Martinho Dias)

Sabes o que faço com a ternura que nutri por ti?

Sabes o que faço com a ternura que nutri por ti? Rego as plantas, aprecio as flores de todos os tamanhos, de todas as cores Adoro a chuva e o vento Ergo o rosto ao sol e fecho os olhos Sigo caminhando senhor do tempo Tão cheio de alma minha e tua E «para que tu me ouças as minhas palavras adelgaçam-se por vezes como o rasto das gaivotas sobre as praias»  (perseguindo Pablo Neruda em canção desesperada)

tu, que me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a manhã da minha noite

Posso guardar-te a ti mais um milhão posso com todos neste meu coração. (o título é um verso de Nuno Júdice)

a propagação da desgraça

Mesmo depois da advertência teimam em tamanho Cada vez maiores, mais exatas a crescer, a crescer à espera, sempre atentas Pacientes Uma sede Fornalha sem vagar e a mesma falta de ar Mesmo depois da advertência uma desgraça: a tua mão na minha A propagação da desgraça.

Desta vez para variar, a rua.

Estes por entre os quais me apresento viemos atestar a veracidade do drama que decidiu sair de cena. Neste palco onde tantas vezes se representa a comédia da vida com tão poucos cá dentro para tantos lá fora. Pois bem, desta vez para variar, está a sala cheia e o palco vazio. Vieram todos mudar de sítio. Caíram as máscaras e os adereços e, já sem holofote que os enalteça, a expetativa é quase nenhuma. As cortinas estão fechadas, nada de silêncios, todos ao rubro, nem um assento já disponível.  Desta vez, ser-nos-á dada a possibilidade de brilharmos todos e do lado de cá. Nós todos, sem uma única exceção. Nós, os atores de todos os dias. Hoje, não nos vamos esforçar por ver nem ouvir nada do outro em metáfora. Vamo-nos ver e ouvir uns aos outros. Tragédia ou comédia tanto faz. Nada de aplausos ou apupos, apenas o eco fulgurante dos dias banais. Nada de palavras ou sons ensaiados, apenas a alegria ou a verdade cruel do mais comum dos dias. Estes, entre os quais me apresento, viemos atest

Surge uma melodia suave e bela que cobre toda esta manhã

 Surge uma melodia suave e bela que cobre toda esta manhã.  Vem em abraço gigante alargando.  E o som fininho espalha-se e passeia por entre a multidão.  Agarro-a! Vestiu-se de manhã de verão, à vontade, em andamento lento…  100 batimentos por minuto.  Solta-se em leve piar que encanta os distraídos. E, agora, que vieste devagarinho, aproxima-te, desfilando serenidade. E, já agora, que vieste para me dar a mão, atravessa-me! E a música entra em mim e vai alargando… Acelerando Vai em crescendo! Ondulam as voltas em alegria, andamento rápido 150 semínimas por minuto. Ergues-te em êxtase na agora tarde lenta Rebombam batimentos, pancadinhas agudas no coração.  Pulsação forte, passo firme, passo gigante, corpo a corpo, ondulação serena.  Deixa fluir! Balança!  Música que faz sorrir. Arrepio, pé a tremer.  Os sentidos estão moles, mas alerta, a compasso.  Acelerando Vai em crescendo! Ondulam as voltas em alegria, andamento rápido, 160 semínimas por minuto. Calma!  E a música vai diminuindo

Ensina-lhe o lugar do afeto e do conforto

Ensina-lhe o lugar do afeto e do conforto pega nela ao colo bem juntinho associa-a a um tempo sem pressas E lê-lhe uma história! Devagar, mas com expressividade Bota-lhe sentimento! Se repetires isto muitas vezes vais ver a tua criança a crescer e a aprender a ser um leitor adulto  com o carinho de quem sabe acolher as palavras e as pessoas com bondade.

n u n c a m a i s

Um dia, alguém ou mesmo algo  que nos diz peremptoriamente Nunca mais. Ouviste? Nunca mais. Ponto final exato.