Avançar para o conteúdo principal

Desta vez para variar, a rua.

Estes por entre os quais me apresento viemos atestar a veracidade do drama que decidiu sair de cena. Neste palco onde tantas vezes se representa a comédia da vida com tão poucos cá dentro para tantos lá fora. Pois bem, desta vez para variar, está a sala cheia e o palco vazio. Vieram todos mudar de sítio. Caíram as máscaras e os adereços e, já sem holofote que os enalteça, a expetativa é quase nenhuma. As cortinas estão fechadas, nada de silêncios, todos ao rubro, nem um assento já disponível. 

Desta vez, ser-nos-á dada a possibilidade de brilharmos todos e do lado de cá. Nós todos, sem uma única exceção. Nós, os atores de todos os dias. Hoje, não nos vamos esforçar por ver nem ouvir nada do outro em metáfora. Vamo-nos ver e ouvir uns aos outros. Tragédia ou comédia tanto faz. Nada de aplausos ou apupos, apenas o eco fulgurante dos dias banais. Nada de palavras ou sons ensaiados, apenas a alegria ou a verdade cruel do mais comum dos dias. Estes, entre os quais me apresento, viemos atestar a veracidade do drama comum com todos dentro, reunidos na mais sumptuosa situação e na mais magnificente sala de teatro onde tudo acontece. 

Desta vez para variar, a rua.

(foto de pedro Nogueira)




Comentários