Se encontrar uma árvore à solta, envolva-a. Provavelmente, algures no seu tronco, aparecerá escrito «Não estou perdida e vim parar às tuas mãos para que me olhes e me compreendas». É este o espírito da cadeia que agora inicio que é também um desafio para quem o quiser acolher. Apresento aqui a minha perspetiva – poética, como sempre. Eram as seis e um assobio melodioso aflora à minha janela. Meio surda, meio zonza, subo devagarinho a persiana para verificar a cor da manhã que insistia este despertar, muito antes da hora marcada. Ali estava. Manhã cinza. Apagada. Tudo molhado. Uma completa neblina. Não havia dúvida. Era ele sem sombra de dúvida. Revolto e fazendo barulho por tudo e por nada. Uma choradeira completa em tudo à volta. O meu novo pátio com o diospireiro ao centro. Despido. Embaraçadamente despido. Os frutos à mostra. As folhas no chão. Nada quietas. Arrastavam-se ao som do cúmplice vento que as envolvia, tentando à pressa esconder as provas do crime. Em voz de falsete,
Algo que interessa ou não... Não sou única nem diferente... Gosto de desanuviar e, quem quiser desanuviar comigo, é bem vindo.