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Mensagens

18 de Novembro de 2017

Um dia como outro qualquer...diriam alguns. De certa forma, sim,...  no one lives forever . Há os que vivem, os que sobrevivem e os que, vivos, não vivem. É impossível não viver quando se ouvem estes acordes e as dinâmicas, por vezes repetitivas, quiçá o segredo da mística destas melodias cantadas.  Fizemos muitos km juntos. Sim, conduzimos juntos. Gememos, choramos e partimos a garagem juntos. Abanamos a cabeça num movimento pendular ora embalador ora galvanizador. Loucura acompanhada e partilhada. Caminhada unida desde o primeiro encontro. Como demónios do inferno, como serial killers ou como choramingas de amor. Sentimentos do extremo que caracteriza o ser humano. Não acredito em 50&50 ...É tudo ou nada! Os extremos esgotam ou enchem-nos de energia, dão-nos satisfação. Aquela satisfação bruta de que renascemos...ou não. Para renascer é preciso morrer. Pobres aqueles que vão andando...Para onde vão? Este dia abaliza que só vivemos até determinado tempo. Viver-tempo,

Demolição

Demolidor...destruição de uma casa, quiçá, da década de 70 do século XX. Com ela vão histórias de um passado, em que construir uma casa, a minha casa, era um orgulho e um objectivo de vida. Com ela vão os sonhos que, nem sempre, a maioria das vezes sejamos sinceros, não se concretizaram. Por mudança de perspectivas, por inércia, por azares, como se costuma dizer, ..., que nada mais foram que idealizações ou tentativas falhadas. A casa que me deu abrigo, arrumei e decorei à minha maneira, e que, quem a visse, diria "Ó pá, esta fulana deve..." . Pois, deve, mas não foi nem é. A aparência não mostrou o Eu!...mas que aparentou, aparentou. Quem nela entrasse, pensaria, sim porque raramente se admite opinar livremente por-não-parecer-bem, "Ainda é mais desequilibrada do que parece...Coitada!" . Acomodamo-nos no velho sofá, destruído por unhas felinas  e recheado de almofadas e mantas coloridas, com um chá de menta a fumegar. Falam e eu oiço...Falam e vou acenando com

Recluso 269

Andrómeda está inquieta. Sabe que tem algo para fazer, mas não se consegue obrigar a agir. A inquietude já há algum tempo que se manifesta. Sonhos agitados e tenebrosos recordam-lhe o passado que, ironicamente, o Mestre Interior, reescreve de forma cruel e real… Andrómeda sabe que terá de fazer algo… Levanta-se. De que adianta manter-se num limbo em que o Mestre Interior, MI, brinca e manipula a sua razão e emoções? Mais vale tomar um café e fumar um cigarro. O.K., duas toxinas que, e dá jeito a Andrómeda contrariar MI,  já foram medicina e moda. Andrómeda não quer saber. Mas, o mal estava feito, a recordação estava de volta. Fechou os olhos e revive a cena arquivada da adolescência. Casa de banho. Grupo de Femina . Fumo espesso, malcheiroso e sufocante. O ritual iniciático estava em curso. Andrómeda, escanzelada e pálida, onde somente os dois dentes tinham cor, tenta novamente “travar” o fumo do cigarro. Engasga-se e tosse. Os incentivos renovam-se “Tu consegues!”, “Já sabe

Não sei

Não sei porque urge teclar algo que, certamente, não interessa a ninguém. Talvez nem a mim... Não sei porque não me apetece levantar e, no entanto, não durmo. O que durmo atormenta-me mas leva-me a querer abrir os olhos. Posso olhar e não pensar... Não sei porque as pessoas me repulsam, se eu própria tenho repulsa pelo que miro ao espelho. Talvez não fosse má ideia partir tudo o que reflecte o que não quero ver... Não sei porque este sol não me aquece. Já queimou. Já isolou. Já desterrou o que era vida há muito. Talvez com a chuva encontre rebentos de vida...belos e inspiradores de sorrisos. Não sei se viva ou sobreviva. Creio que a questão do sobreviver me atormente...mas viver é cada vez mais tristonho. Não sei se a utilidade de mim ainda seja necessária. Afinal, ninguém é insubstituível....dizem. Não sei se o sentimento esmorecido seja um vazio da "alma". Alma que, dizem, é única. Não sei por que  e quem viver. É cansativo estar sempre perto, disponível, prestável